segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O Insulto

Felizmente não conheço António Borges nem Tozé Seguro, mas infelizmente isso não me salva de ser bombardeado com os dislates que um e outro se lembram de produzir.

O que Borges disse sobre os nossos empresários revela uma visão económica dogmática da escola de Chicago, de financeiros puros ultra-liberais, que por norma não atentam muito nos aspectos microeconómicos  e por isso têm dado tantas vezes com os burrinhos na água.

Para além disso é um completo disparate e são declarações inaceitáveis para quem exerce um lugar de consultoria do Governo e portanto tem de ter tento na língua ou se quer abrir a boca e deixar falar o espírito renuncia ao lugar, porque exerce este tipo de funções não pode insultar os empresários portugueses.

Do mesmo modo, Tozé Seguro tem de deixar de ir na onda e assumir responsabilidades. Presume-se que o PS é uma instituição com palavra, com coluna vertebral e que não defende hoje o contrário do que defendeu ontem.

Hoje ouvi António José Seguro dizer que tinha proposto há um ano atrás a redução dos custos da electricidade e pasmei. Pasmei porque há un ano atrás tinham passado 4 meses sobre a assinatura do Memorando de Entendimento com a troika, que nos permite continuar a viver sem ter de fazer, pelo menos, o dobro da austeridade actual e nesse acordo diz especificamente no seu ponto 1.24, alínea iv, referente ao ano de 2012, o seguinte: "Introduzir impostos sobre o consumo de electricidade de acordo com a directiva da EU 2003/96".

Ora ou António José Seguro não leu o chamado Acordo com a Troika ou está a sugerir ao Governo que não o cumpra. No primeiro caso, Se Borges tivesse dito dele o que disse dos empresários, isso não seria um insulto mas sim a realidade, no segundo caso é mais grave, porque ou António José Seguro tem ali à mão uns quantos milhares de milhões de euros para emprestar ao país para compensar os que não iríamos receber por não cumprir o acordo ou está a insultar-nos a todos chamado-nos ignorantes por não termos lido o citado acordo.

Obviamente que Tozé Seguro leu o acordo, está apenas a tentar cavalgar o descontentamento com a austeridade, tentando fazer esquecer aos portugueses que foi o seu partido que nos colocou nesta horripilante situação económica e financeira e que foi o governo do PS que negociou estas medidas em nome de Portugal.

Um partido político tem de ter verticalidade, o PS, não só negociou como apoiou este acordo, pode e deve apresentar medidas alternativas, mas não pode dizer ao Governo que não cumpra o acordo, nem deve insultar-nos a todos com demagogia barata e falta de seriedade política.

Sem comentários: