domingo, 29 de dezembro de 2013

ANO NOVO

Há quase um ano que não publico nada por aqui, no entanto isso vai mudar em 2014, vou recomeçar a postar regularmente opiniões e comentários que considere dever partilhar.

Até lá, Boas Festas e um excelente 2014 para todos.


sábado, 12 de janeiro de 2013

Quem não ouve cuidado...


Como faço normalmente ao Sábado de manhã, dou uma revisão geral pelas notícias da semana, pelos comentários e pelas opiniões. E hoje confesso que a minha alma ficou pasma!

Então não é que muita gente neste país, supostamente sem anomalia ou patologia que lhes impeça uma percepção mediana da realidade achava que que o corte dos 4 mil milhões seria uma coisa de curto prazo, tipo um ano ou dois?!

A sério, fiquei muito preocupado que haja tanta gente que ainda não percebeu a situação do país. Como é que é se pode considerar possível um país gastar continuamente mais do que produz? Até na economia doméstica, todos sabemos que não podemos gastar anos a fio mais do que ganhamos, chega uma altura que ninguém nos empresta mais, que foi o que aconteceu a Portugal.

Este estado de negação de muitos concidadãos nossos é deveras grave. Tão mais grave quanto é alimentado por opiniões, de políticos ou jornalistas ou ainda por indivíduos apenas interessados em preservar o seu bolso, que vêm constantemente, ou em ocasiões especiais, contestando a austeridade, afirmando que há outros caminhos, mas não dizem qual é esse caminho, quais as medidas que permitem os mesmos resultados com efeitos menos penalizadores.

A culpa também é dos Governos anteriores, quase todos eles habituaram os portugueses a que era possível aumentar o bem-estar social, os nossos padrões de vida, recorrendo a empréstimos, gastando para além daquilo que produzíamos e agora, quando se diz que temos de gastar menos e de reduzir a despesa rapidamente, os portugueses sentem-se “injustiçados por um pai rico”, que lhes foi alimentando as vontades e agora, de um momento para o outro, lhes diz que já não há dinheiro.

O corte dos 4 mil milhões tem de ser permanente. Quando o país equilibrar as suas contas o primeiro que terá de fazer não é aumentar a despesa de novo, nem fazer mais dívida, é reduzir os impostos para permitir o crescimento e só depois do país estar num ciclo de crescimento será possível aumentar a despesa mas de forma cautelosa e equilibrada, nunca através do aumento do endividamento externo, senão voltaremos a passar pelo que estamos a passar agora e que espero que nos fique de lição a todos para na hora de escolhermos quem nos governa termos mais cuidado e não embarcarmos em facilitismos de vendedores de banha de cobra, porque como diz o provérbio, “Quem não ouve cuidado, ouve coitado”!

E foi o que nos aconteceu.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Os Recados e as Dúvidas de Cavaco…



Raras vezes Cavaco Silva é tão directo como o foi na mensagem de ano novo. Felizmente não é nenhum Jorge Sampaio, cujos discursos eram ininteligíveis, mas prima também por alguma dose de ambiguidade na maioria das intervenções.

Desta vez foi claro. Disse que temos de pôr cobro à espiral recessiva da economia, recuperar o mercado interno e travar o flagelo social do desemprego, disse que o programa de ajustamento tem de ser cumprido, no prazo previsto, sem mais dilações e tem de dar resultados. Recordou ao PS que criou e assinou o dito acordo e que não pode agora simplesmente sacudir a água do capote, assobiar para o lado e querer adiar todas as reformas com que se comprometeu, apenas porque são impopulares.

Manifestou dúvidas sobre a justiça do retirar de um subsídio aos funcionários públicos e não aos privados e ainda sobre a taxa de solidariedade iniciar-se para os reformados em valores menores do que para os trabalhadores no activo, mas, se em relação aos subsídios há efectivamente um tratamento diferenciado, na questão das reformas, há que ter em conta que os trabalhadores no activo tem de pagar a TSU, o que lhes retira logo 11% do seu rendimento bruto, logo parece óbvio que a taxa seja aplicada a estes só para valores mais elevados do que para os reformados.

Até aqui tudo claro. Mas pelo meio falou o Presidente em solidariedade da União Europeia. Cavaco sabe muito bem que não é possível fazer o ajustamento necessário sem recessão. Cavaco sabe e disse que não podemos pedir mais tempo porque isso significa mais juros e mais dívida, mais dependência financeira e política dos nossos credores e portanto a única saída airosa era falar de apoio extraordinário da União Europeia, recordando o nosso bom curriculum no seio da comunidade.

Cavaco sabe que sem investimento, sem apoios à produção, não se cria desenvolvimento nem empregos e Portugal não tem acesso ao crédito para disponibilizar esses apoios. Este é o Calcanhar de Aquiles do discurso de Cavaco, os meios para sair de recessão, ou pelo menos inverter a tendência já em 2013, não estão ao nosso alcance facilmente, não dependem exclusivamente de nós, nem da vontade do Governo, dependem de uma hipotética solidariedade da União Europeia que, como Cavaco reconheceu, se encontra em recessão e com várias das suas economias pilar com necessidade de apoio externo. E isto Cavaco não disse.