sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A fúria do paciente


Diz-se que não há pior reacção de fúria que aquela de quem é muito paciente, muito tolerante, quando perde finalmente a paciência e se cansa de tolerar determinadas situações.

O Ano de 2012 será um ano decisivo para a reconquista da credibilidade de Portugal nos mercados financeiros internacionais, mas também no plano interno, o cumprimento das metas do défice, será decisivo para alimentar a muita paciência que os Portugueses têm demonstrado face à classe política.

Se é verdade que, globalmente somos responsáveis pelas escolhas que fizemos e por termos andado a eleger vendedores de banha de cobra, também não é menos verdade que há quase uma década que, ciclicamente, andamos a apertar o cinto e sem que desses sacrifícios se vejam os resultados prometidos.

A nossa forma de ser e estar, os nossos “brandos costumes”, têm levado a que aceitemos de modo civilizado todo este percurso de constante austeridade, mas todos nós temos um limite para a nossa paciência e um dia acordamos com ela esgotada e depois reagimos de modo brusco e definitivo.

Para o ano a contribuição das receitas extraordinárias, as que existirem, terá um impacto muito menor do que neste ano, pelo que terão de ser os ajustamentos estruturais a pagar a parte de leão da factura de redução da despesa e isso implicará uma muito cuidada execução do orçamento, sem desvios e sem derrapagens, porquanto qualquer deslize pode comprometer todo esforço, e é muito, feito pelos portugueses.

Assim, a execução orçamental de 2012 é algo mais do que o simples cumprir de compromissos, é a consubstanciação da esperança de sair definitivamente deste ciclo de empobrecimento e de divergência com a média de desenvolvimento da União Europeia e da construção de um país economicamente sustentável e socialmente mais justo, porque tenhamos sempre bem presente que sem capacidade financeira não há justiça, não há apoios, nem bem-estar social.

Apesar de todas as dificuldades, de todos os sacrifícios, se conseguirmos cumprir as nossas metas, 2012 poderá ser um bom ano para Portugal, poderá ser o ano da viragem para um futuro melhor. É essa a esperança.

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A verdade inconveniente

Os portugueses estão demasiado habituados ao politicamente correcto, ainda que esse politicamente correcto seja uma mentira descarada por parte de um político ou governante.

Hoje, temos como Primeiro-ministro alguém que não mente aos seus concidadãos e em consequência surgem aqui ou ali algumas indignações pelos comentários ou afirmações de Pedro Passos Coelho.

A questão da dita sugestão aos professores desempregados para emigrarem é um bom exemplo desse mau hábito da nossa sociedade.

Todos sabemos que a população em idade escolar está a diminuir e consequentemente o número de professores necessários irá também diminuir. Por outro lado o estado não tem de garantir emprego a todos os cidadãos que pretendem ser ou que já foram professores, a educação existe para os alunos, não para garantir emprego aos professores.

Perante este problema, o Primeiro-ministro poderia ter adoptado uma de duas posturas. Ou fazia como habitualmente e dizia: vamos tentar resolver o assunto, esperem em casa que surjam oportunidades de voltar a leccionar, o que ele sabe ser uma mentira para a maior parte dos docentes desempregados ou dizia a verdade e recomendava que olhassem para outras opções de carreira.

Todos reconhecemos que esta é uma verdade inconveniente, todos sabemos que o que quem está no desemprego quer ouvir é palavras de esperança e a garantia dos governantes em como vão resolver o seu problema e arranjar-lhe emprego, mas o problema é que isso, na maior parte dos casos, não passam de palavras vãs, de falsas promessas e para isso não contem com este Primeiro-ministro.

Pedro Passos disse a verdade. Simplesmente a verdade. Não se comprometeu a arranjar empregos na docência quando sabe que isso não poderá ser feito a curto prazo, nem podia recomendar aos professores desempregados que ficassem em casa à espera que um emprego lhes caísse do céu, portanto disse-lhes o que podia dizer e aquilo que muitos portugueses que querem ser professores e não têm colocação no país já fazem e que é dar aulas no estrangeiro.

Seria ideal que Portugal pudesse dar emprego a todos os seus professores, como a todos os seus cidadãos, qualquer que fosse a suas profissão, mas isso não é verdade, há desemprego e o país está numa situação financeira e económica assaz complicada, logo por muito que seja desagradável de ouvir, eu preferia que o meu Primeiro-ministro me dissesse a verdade do que me enganasse com falsas esperanças que não sabe, nem é previsível, que venha a poder cumprir.

Mas isto sou eu que prefiro a verdade à mentira, ainda que politicamente correcta.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Palavras não eram ditas...

Escrevia eu que motivos para comentários não faltam e heis-que um Sr. Vice da Bancada Parlamentar do PS abre a boca e deixa falar o espírito.

O Sr. Deputado Pedro Nuno Santos, afirmou e repetiu para o caso de alguém não ter ouvido à primeira, que se está a marimbar para pagar a dívida e que, note-se este particular, se nós disséssemos que não íamos pagar os banqueiros alemães ficariam com as pernas a tremer.

O que me impressiona não é a bravata do Sr. Deputado, isso até lhe dou de barato, o que me impressiona é que ao fim deste tempo todo e tanta discussão sobre o assunto, um deputado da nação ainda não tenha percebido que somos nós que precisamos que nos emprestem dinheiro e que se disséssemos que não íamos pagar ninguém nos emprestava nem mais um euro e portanto em pouco tempo não haveria dinheiro para pagar os serviços do estado, os salários dos funcionários públicos e os serviços que o estado compra aos privados.

O que me impressiona é que um deputado da nação não saiba que, mesmo com os fundos de pensões, com os cortes na despesa, com os aumentos de impostos, este ano ainda vamos gastar mais 4,5% do que aquilo que produzimos e esse excesso tem de ser financiado, tem de ser pago através de empréstimos desses tais senhores, alemães, americanos ou ingleses, ou sejam lá de onde forem, a quem o Sr. Deputado quer pôr as pernas a tremer.

A verdade é que infelizmente neste país, altos dignitários de cargos públicos, quando não têm a responsabilidade directa de governar dedicam-se a fazer política barata,a dizer asneiras populistas, no mau sentido do termo, e a ter uma postura de total irresponsabilidade em relação aos verdadeiros interesses de Portugal.

Realmente o Governo devia seguir as orientações do Sr. Deputado Pedro Santos e depois, quando não houvesse dinheiro para pagar, mandava os funcionários públicos, os credores, etc.. ter com o Sr. Deputado para ele lhes pagar...gostava de ver isso.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Inspiração

Confesso que tenho andado algo ocupado nos últimos tempos e também a inspiração não tem sido muita, não por falta de assuntos que mereçam ser comentados, talvez mais por falta de paciência para muitas vezes dizer o óbvio que parece escapar a tanta gente bem pensante.

Em qualquer caso espero voltar em breve a deixar aqui as minhas opiniões para quem tiver a paciência de as ler.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

A qualidade da quantidade...

Desde há uns dias para cá tenho visto umas faixas negras a clamar contra a extinção de freguesias.
Confesso que à primeira vista não queria acreditar. Sempre tive os autarcas por gente muito séria, e continuo a pensar assim, até porque fui e sou autarca e disso tenho orgulho, mas não posso deixar de apontar esta mácula no seu comportamento.

Não está, nem nunca esteve em causa, a continuidade da existência das actuais freguesias. Não se pode é tentar confundir Freguesia, unidade territorial, com órgãos autárquicos de freguesia, isto é com a Junta de Freguesia e Assembleia de Freguesia. Estas faixas negras são uma tentativa menos séria de explorar a afectividade das pessoas à sua freguesia, porque não se pretende extinguir nenhuma freguesia, mas sim ter uma junta e uma assembleia para mais do que uma freguesia reduzindo assim o numero de eleitos.

Eu compreendo os Presidentes de Junta, afinal o que vai estar em causa é se conseguem ser eleitos numa área maior, com população que não conhece bem o seu trabalho, haverá menos lugares e claro que têm também a concorrência directa dos outros Presidentes, quer dentro do seu partido, quer fora. É incomodo e traz insegurança, mas não justifica que se tente enganar as pessoas dizendo que se vão extinguir as freguesias. Apenas haverá menos eleitos locais.

É curioso que neste país toda a gente quer reduzir o numero de deputados. E o de autarcas? será que não é possível fazer o mesmo com menos autarcas?

Vejamos o exemplo da Cidade de Moura, presumivelmente desta alteração resultará apenas uma Junta e uma Assembleia para as Freguesias de São João Baptista e de Santo Agostinho. Estes órgãos serão compostos, isto é o numero de elementos, conforme nova área que irão gerir e tal como está previsto nos termos da Lei. Podem dizer-me que será mais complexo, mais pessoas, mais ruas, mais problemas. É verdade, mas também é verdade que noutras zonas do país há freguesias que são maiores que o nosso concelho e se esses autarcas conseguem gerir as suas freguesias, estou certo que os nossos também...pode é dar mais trabalho, mas é para isso que nos candidatamos a autarcas, para trabalhar e servir as populações, digo eu.

Esta proposta de redução do numero de órgãos autárquicos parece-me globalmente muito positiva, haverá concerteza excepções, mas vai trazer escala e um melhor aproveitamento dos parcos recursos do país.

Tenho no entanto um reparo a fazer a esta iniciativa, devia ter ido mais longe e mexer também na questão dos municípios, porque, sejamos francos, há municípios que são mais pequenos do que freguesias de outros e que não representam qualquer vantagem para as populações por falta de dimensão e de capacidade. Mas isso são contas de outro rosário que ficam para outro dia.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pura, crua e dura...

Já há uns tempos que não escrevia nada aqui. Simplesmente porque a vida não o tem permitido.

Conhecidas as linhas e as orientações do Orçamento de Estado para 2012, podemos afirmar que este é o orçamento que ninguém queria, a começar pelo Primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Dez horas levou a reunião do Conselho de Ministros a tentar encontrar alternativas aos drásticos cortes orçamentais que acabaram por ser anunciados, mas as alternativas possíveis seriam ainda bem piores.

Equilibrar no fio da navalha as necessidades de financiamento e de redução da despesa do estado, com as necessária procura interna que mantenha as empresas a vender e não provoque uma avalanche de desemprego, é uma equação muito difícil, senão impossível no actual estado do país.

Mas é essa a nossa realidade, um buraco de 3,4 mil milhões de euros que o Governo do PS conseguiu criminosamente cavar em cinco meses, compromete todas as metas e deita por terra todos os planos da primeira negociação com a troika, mas as metas, essas sim, têm de ser cumpridas sob pena de não haver novas tranches do financiamento acordado e portanto, em dois ou três meses, não haver dinheiro para pagar a saúde, a segurança social, os ordenados da função pública, etc...

Compreendo e respeito a indignação, mas deveria ser manifestada junto à sede do PS, junto da bancada parlamentar do PS, porque foi o Governo de José Sócrates que nos deixou nesta calamitosa situação. Não vale de nada gritar agora, deviam era ter ouvido Manuela Ferreira Leite quando em 2009 ela disse exactamente o que ia acontecer, mas na altura, a maioria dos portugueses gostou mais das promessas falsas e do discurso de negação da realidade de José Sócrates, agora todos temos de pagar essa factura, sem apelo nem agravo.

Não sou daqueles que clama pelo julgamento dos políticos por tudo e por nada. Quem governa, decide e quem decide pode enganar-se com a melhor das intenções como qualquer um de nós, mas, neste caso, creio que é perfeitamente justificado que o anterior governo seja chamado a contas em relação à governação realizada, em especial durante os primeiros meses deste ano, quando já era patente o enorme défice do país e quando a necessidade de poupança e de contenção era já clamorosamente evidente para todos.

Quanto ao que aí vem, é a cama que fizemos nos últimos anos, agora temos de nos deitar nela e enfrentar a realidade, pura, crua e dura.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Sabedoria...



Para que conste sou um admirador do Rei Juan Carlos I de Espanha. Creio que é alguém de quem qualquer país se orgulharia de ter como dirigente e tem dado provas inequívocas de que é efectivamente um ser humano de excepção, daqueles que surgem muito raramente neste mundo.

Portanto e feita esta declaração, em face das ultimas e mais tristes declarações da Senhora Chanceler Ângela Merkel, proferidas no mais puro e duro estilo chauvinista alemão, que me recordaram as razões pelas quais até os alemães estão ansiosos para se ver livre dela, entendo dirigir-lhe a mesma frase com que Sua Majestade o Rei Juan Carlos, de forma sabia e clarividente, presenteou aquela coisa inenarrável que dá pelo nome de Hugo Chavez:
¿Por qué no te callas?

domingo, 25 de setembro de 2011

A superioridade moral

Confesso que sempre me irritaram as pessoas que se arrogam ares de superioridade moral. Não porque cada um de nós não tenha o direito de se achar moralmente irrepreensível, mas porque a essa postura está sempre associado um julgamento dos outros, um juízo de valor e de intenção em relação à moralidade alheia, quase sempre pejorativo. Ora, ninguém tem o direito de diminuir a qualidade moral dos outros para enaltecer a sua.

A triste declaração de D. José Policarpo de que "ninguém sai da política com as mãos limpas" é um exemplo dessa lamentável postura e neste caso particularmente infeliz por vir de um alto responsável da Igreja Católica, que não sendo o primeiro, acaba por vir lançar uma pedra esquecendo-se de que só os "sem pecado" o devem fazer e a sua instituição não é exactamente impoluta.

Em Portugal, também fruto de alguns maus exemplos, é lugar comum achar que quem faz política não é muito honesto, que anda à procura de enriquecer rapidamente e de forma ilícita, quando na realidade a política nem é a actividade mais lucrativa que se pode ter na sociedade, mas de certeza uma das mais expostas e mais fáceis de controlar do ponto de vista da acumulação de património.

A verdade é que há pessoas honestas e pessoas desonestas na política, como de resto em todos os sectores e actividades da sociedade, pelo que não se pode, nem deve, julgar toda uma classe pelos actos de alguns dos seus membros. Isso é uma injustiça inqualificável, como seria considerar que, perante situações já havidas e comprovadas de corrupção e fraude no seio da Igreja Católica, todos os membros do clero são desonestos.

D. José Policarpo prestou um mau serviço ao país. Quando os políticos, esses malandros, andam a tentar atrair pessoas honestas e competentes para a actividade política, porque entendem, porque entendemos, que a política é função de serviço à sociedade e ao próximo, aparecem comentários como este que em lugar de aproximar as pessoas da política, da condução do nosso destino colectivo, apenas as afastam e deixam mais lugar para aqueles que são eventualmente menos honestos ou cujas intenções não são as mais correctas.

Infelizmente, neste caso, quem sujou as mãos foi o Cardeal Patriarca de Lisboa. Sujou as mãos porque em lugar de incentivar à participação cívica, ajudou a diminui-la e sujou as mãos porque sendo um dignitário da Igreja não observou a recomendação bíblica que nos diz : " Não julgueis, para não serdes julgados, pois, conforme o juízo com que julgardes, assim sereis julgados e, com a medida com que medirdes, assim sereis medidos."

Agora todos temos o direito de medir D. José Policarpo com a mesma vara e com a mesma generalização com que ele mediu.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sem emenda

Por vezes a humanidade ainda me consegue surpreender e nem sempre pelos melhores motivos.

Num contexto de crise aguda e de medidas profundamente impopulares, fruto da acumulação de asneiras que fomos coleccionando neste país ao longo de décadas, não me surpreenderia que algumas pessoas, mesmo simpatizantes do PSD, estivessem pouco contentes com o Governo. Creio, aliás, que nem o próprio Governo está contente com as medidas que tem de tomar, apesar de necessárias e apesar da alguma desinformação especulativa que ainda tenta deixar os portugueses mais preocupados do que já estamos, é de mediano bom senso acreditar que qualquer Governo o que gostaria de fazer era baixar impostos e aumentar os apoios sociais e passear-se ao canto do contentamento popular.

Apesar de tudo isto parece-me claro que também já todos percebemos que os erros se pagam e pagam caro e quando hoje muitas pessoas vêm dizer que não fomos nós, o chamado Zé Povinho, o culpado pela desgovernação, em especial a dos últimos anos, eu tenho de relembrar que José Sócrates não pôs nenhuma pistola na cabeça das pessoas para votarem nele e portanto, enquanto eleitores tornámos-nos co-responsáveis pelos resultados dessa Governação e globalmente todos somos responsáveis, enquanto nação. Portanto agora não vale a pena vir dizer que não tivemos nada que ver com o assunto porque fomos nós que escolhemos.

Mas nem sequer é esse o motivo que me leva hoje a escrever, é que perante a actual situação nacional confessava-me um militante do PSD que estava descontente com o Governo porque a ASAE não estava a actuar da forma que ele achava correcta. Confesso que, apesar de reconhecer os argumentos, primeiro fiquei pasmo, depois lá fui balbuciando que este Governo está em funções há pouco mais de dois meses, obrigado a implementar medidas correctivas do défice em contra-relógio, com um buraco inesperado de 2 mil milhões que anterior Governo conseguiu ainda cavar em 5 meses e com uma avaliação determinante da Troika a meio desse período, era capaz de não ser uma prioridade da Governação rever os parâmetros de actuação da autoridade para a segurança alimentar e económica....se é que há alguma coisa para rever para além de meter bom senso na cabeça de alguns inspectores, digo eu.

Este episódio, ainda que caricato, vem confirmar que ainda se continua a olhar para o próprio umbigo independentemente das dificuldades globais e dos problemas gravíssimos que nos afectam enquanto nação. Foi assim que Sócrates conseguiu ser reeleito contra uma Manuela Ferreira Leite que, em lugar de facilidades, dizia que por este caminho nos íamos afundar...e afundámos.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A Nacional Demagogia


Em Portugal ainda há quem sofra do tão famoso complexo de esquerda que já nos levou a fazer asneiras monumentais no nosso sistema económico.

Em Carvalho da Silva, isso não me surpreende, mas confesso que em António José Seguro, sim.
Fala-se neste momento em lançar um novo imposto sobre os ditos "ricos" e discute-se se deve abranger o património, os dividendos, etc.

Sobre este assunto o vetusto líder da CGTP fez uma notável afirmação, a de que os "ricos" não contribuem para o bem comum como qualquer outro cidadão. Bom, quem declare rendimentos de 150 mil euros por ano paga mais de 50% ao estado em IRS e Segurança Social. Nenhuns outros cidadãos têm taxas tão elevadas, portanto ou Carvalho da Silva ignora a realidade fiscal portuguesa ou isto é pura demagogia.

Por seu lado o novel líder do PS quer taxar de modo mais elevado o património e os dividendos, ou seja taxar o que pode fugir do país e em lugar de contribuir para o bolo nacional, deixar de o fazer.

Antes de mais quero deixar bem claro que pessoalmente esse imposto não me vai afectar, com muita pena minha, confesso, mas pode afectar-nos a todos indirectamente por ser contraproducente, se exagerar nas taxas.

Não é por acaso que determinados tipos de riqueza têm taxas mais baixas em todos os países. Em França, há uns anos, tentou taxar-se o património e os dividendos de forma mais severa e o que sucedeu foi um descalabro fiscal pela fuga para outros países das sedes das empresas de modo a evitar essa sobrecarga de impostos.

Em qualquer caso o impacto nas receitas do Estado será sempre diminuto, sendo o seu efeito mais moral do que económico.

Para além disso, taxar o património e os dividendos não é só taxar barcos, carros e grandes casas, é também taxar a poupança que é fundamental para que haja investimento, recordemos-nos que o principal facto que leva a que os nossos bancos estejam endividado até às orelhas é porque nós não poupamos o suficiente para as necessidades de investimento do país, ora se vamos desincentivar a poupança com mais impostos sobre os dividendos a situação tenderá a piorar. Parece que alguém precisa de voltar ao primeiro ano de economia para se recordar da equação básica S=I e o investimento é a nossa única saída desta crise.

Para além disto tudo, há que ter em conta que os grandes patrimónios não são privados, são empresariais e que facilmente mudam as suas sedes para outras zonas, como já referi ter acontecido e não apenas no exemplo que dei. Ora uma medida demasiado severa neste sentido pode é levar à diminuição da receita fiscal em lugar de a aumentar. Todos sabemos que quanto mais altos são os impostos maior é a fuga fiscal e menor a eficiência da cobrança, pelo que a criação de um novo imposto, defendo eu temporário, sobre a riqueza tem de ser muito bem ponderado e equilibrado de modo a não justificar a deslocalização, a fuga de capitais e desincentivar a poupança.

Tudo o resto é demagogia e populismo barato.

domingo, 21 de agosto de 2011

Com Honra e Glória

Portugal não ganhou o campeonato do mundo de sub-20, perdemos na madrugada de ontem por 3-2 com o Brasil na final, mas a verdade é que podíamos ter ganho sem nenhum assombro. A selecção tem grande qualidade, técnica e táctica, o que é algo raro no nosso país e mostrou-se ainda um excelente treinador que soube ler muito bem as características dos seus jogadores na hora de montar a estratégia.

Para além de algum azar em lances e lesões e de um árbitro de má qualidade e nitidamente pró-brasileiro, a verdade é que não ganhámos por culpa dos clubes portugueses. Pergunto-me como é possível que jogadores com aquela categoria não sejam titulares nos seus clubes e não tenham muito mais experiência de competição e jogos nas pernas, porque foi isso que faltou para trazermos mais um titulo mundial para Portugal.

Andam os nossos clubes a gastar balúrdios em jogadores estrangeiros quando temos qualidade de sobra nos nossos jovens e a experiência tem demonstrado que os craques estrangeiros levam meses ou até temporadas a adaptar-se e a mostrar o seu potencial, ora em lugar de investir esse tempo nesses ditos craques estrangeiros, mais valia investir nos nossos craques, poupávamos dinheiro e ficávamos melhor servidos.

Mikka foi considerado o melhor guarda-redes e Nelson Oliveira o segundo melhor jogador, apenas batido pelos golos do Brasileiro Henrique, porque, golos à parte, não tenho dúvidas que Nelson foi o melhor jogador do torneio. Danilo recebeu a Bola de Bronze, como terceiro melhor jogador, repartida com um jogador Francês. Em qualquer caso, é significativo que o Brasil, tendo ganho, apenas teve um jogador reconhecido e nós tivemos três.

Uma palavra final ainda para Nelson Oliveira, fez todo o campeonato em missão de grande sacrifício e com competência, pelo que se não o estragarem teremos um jogador de encher o olho e capaz de levantar as bancadas, assim o Benfica lhe dê oportunidade de crescer e mostrar o seu valor. E diga-se de passagem que o Benfica bem precisa de um jogador como ele.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A banha da cobra

Nos finais do século XIX, na altura do famoso conflito do Mapa Cor-de-Rosa ( quem não sabe o que é faça favor de ir pesquisar porque inclusivamente daí se originou o nosso, hoje, hino nacional ) que levou ao ultimato inglês de 1890, a revolta nacional foi profunda e depois de vestir a estátua de Camões de luto, foi proposto criar a Comissão de defesa Nacional com a pacóvia missão de fazer uma recolha de verbas para comprar navios de guerra, como o Cruzador Adamastor, para combater a Inglaterra...que tinha só a maior armada do mundo.

Obviamente que nada disso sucedeu e acabámos por engolir o orgulho e ceder humilhados aos ingleses um conjunto de territórios em África. Já na altura, o nosso principal problema era o endividamento externo e fraca economia nacional.

Hoje estamos em situação similar e como noutros tempos em lugar de se atacar o problema ainda há quem defenda atacar as consequências. Hoje ninguém quer os nossos territórios mas querem determinar como nos governamos e como vivemos, embora para sermos honestos temos de reconhecer não nos temos governado nem vivemos muito bem. Aliás desde os tempos de Viriato de nós se dizia que não nos sabíamos governar nem deixávamos que nos governassem.

Mas voltando ao assunto, hoje, em lugar de cerrarmos fileiras para reconstruir a economia de Portugal e reconquistarmos a nossa independência financeira e económica, os habituais vendedores de banha da cobra defendem a renegociação da dívida.

O curioso é que ainda ninguém disse claramente aos portugueses o que significa renegociar a dívida. Uns defendem outros dizem que é impensável, mas afinal o que significa renegociar a dívida?

É simples, dizemos aos nossos credores que não vamos pagar tudo o que lhe devemos. Que não não vamos pagar os juros acordados nem o capital na totalidade, apenas uma parte ou então que não o faremos nos prazos acordados mas sim em prazos muito mais longos. Resumindo assumimos que estamos insolventes, na banca rota e que não conseguimos pagar.

E qual é o resultado? Também é simples ninguém nos empresta nem mais um euro.

Ora como nós continuamos a precisar de nos endividar mais, como temos défice, como o que precisamos para manter a despesa nacional é mais do que produzimos, isso significa que teríamos de fazer cortes ainda maiores na despesa ou aumentar ainda mais os impostos, sob pena de não haver dinheiro para a saúde, para a educação, para a defesa, para a segurança social, para pagar aos funcionários públicos, etc...

Portanto, quem defende a renegociação da dívida em nome de aliviar os sacrifícios que todos temos de fazer para equilibrar as contas do país, está na realidade a defender uma solução que iria extremar esses sacrifícios, na medida em que em lugar de esse ajustamento se fazer gradualmente ao longo de dois ou três anos e para um défice de 3%, teria de ser feito de imediato e para um défice zero, porque não haveria financiamento externo.

Hoje, como sempre e parece ser uma maldição deste país, há quem apenas defenda os seus interesses individuais ou de fracção em detrimento do interesses de Portugal aproveitando-se da falta de cultura que ainda é um flagelo neste país.

Trancas à porta



Há muito tempo que não escrevia nada por estas bandas e recomeço informando que, após muito séria reflexão foi ficou assente que neste blogue o acordo ortográfico não será aplicado. Não sei se é necessário justificar, mas em qualquer caso o motivo é simples: Não vou aprender a escrever outra vez a língua da Camões para fazer favores a um grupo de pseudo-intelectuais que aprovaram uma reforma da língua completamente imbecil. E tenho dito.

Mas não é esse o assunto que aqui me trás, mas sim a possibilidade de introduzir um tecto máximo para o endividamento externo na constituição. Parece que é essa intenção do Governo e do meu ponto de vista faz todo o sentido.

Portugal tem estado muitas vezes, ao longo da sua história, sujeito aos desvarios de governantes menos competentes ou mesmo vergonhosamente incompetentes. Ora o papel da Constituição é precisamente defender as liberdades e garantias dos cidadãos. Protegê-los contra todas as ameaças, inclusivamente as que podem provir da acção daqueles que são eleitos para representar e governar o povo.

Nos nossos dias, as principais ameaças à soberania nacional não advêm de exércitos ou de potências militares externas, mas sim da situação económica do país face ao exterior, logo impedir desnortes no endividamento externo parece-me fundamental.
Conjugando esta medida, um tecto máximo para o défice externo, com um limite para o rácio de transformação dos bancos, isto é quanto os bancos podem emprestar em face dos seus depósitos, que se aponta para um máximo de 120%, pode efectivamente proteger o país de vir a ter de enfrentar situação como a que vivemos agora.

Diz um velho provérbio que quem não tem dinheiro, não tem vícios e portanto, temos de nos convencer que não podemos viver acima das nossas possibilidades, que não podemos gastar mais do que produzimos.

Como, infelizmente a nossa história recente demonstra, não é possível confiar no bom senso dos actores políticos e económicos para regular estas matérias, temos de pôr uma tranca constitucional embora, como habitualmente, a casa já tenha sido roubada, mas mais vale tarde que nunca.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O Novo Governo II

Começaram a ser tomadas as medidas que de alguma forma já haviam sido anunciadas e que, muitas delas, já constavam do acordo com a troika.

Há uma nítida preocupação em promover algum equilíbrio de forma a proteger os social e financeiramente mais frágeis, não só com os escalonamentos nos aumentos de taxas como também no relativo ao imposto especial sobre o rendimento. O facto de os primeiros 485 euros ficarem isentos é uma muito forte atenuação dos impactos junto dos mais desfavorecidos.
Em simultâneo o congelamento de custos com obras públicas não urgentes ou até de duvidosa utilidade são medidas fundamentais para evitar ter de pedir novos sacrifícios aos portugueses, apesar da enorme derrapagem de mais de 2 mil milhões com que o anterior governo ainda nos conseguiu brindar na sua gestão antes das eleições.

Em qualquer caso, hoje surgem boas notícias vindas da UE, relativamente à possibilidade da baixa da taxa de juro e alargamento dos prazos de reembolso, caso se verifique, embora tal não signifique uma alteração das metas para o défice, deixa no entanto o esforço ligeiramente menos penoso.

Sem embargo há ainda um caminho muito longo de medidas difíceis a tomar, como por exemplo a questão do aumento dos preços dos transportes públicos, mas mesmo assim haverá a preocupação de reduzir os impactos junto das famílias mais carenciadas. Sobre esta matéria é importante perceber que o que se está a fazer é passar uma parte do custo para os utilizadores em lugar de pagarmos todos, mesmo que não utilizemos os transportes públicos, pelo que também há aqui alguma justiça social.

Enfim, como já escrevi, ainda há muito para fazer e o caminho do novo governo apenas está a começar, mas para já parece ir no bom caminho, embora só os resultados possam realmente aferir se assim será.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

O Novo Governo I

Depois do acto eleitoral, pareceu-me mais avisado deixar assentar o pó, deixar conhecer o novo Governo e o seu programa antes de tecer qualquer comentário. Não tenho, nem nunca tive sofreguidão de dar opiniões ou de ser o primeiro a fazer determinadas análises. Pelo contrário, creio que a ponderação, a análise fria é bem mais consequente e importante.

Na base da formação do novo Governo está a decisão do povo português de mudar de rumo, mas não dar maioria absoluta ao PSD. Daí que este parece ser o Governo possível de uma coligação obrigatória, onde nitidamente os dois partidos que a compõem têm visões distintas da actividade política, mas suficiente próximas do interesse nacional para se entenderem. Desde logo ambos os líderes tentaram cumprir as suas promessas eleitorais, na medida do que um entendimento necessário o permitia, menos Ministros, conforme o PSD havia prometido, compensados por mais secretários de estado enquanto não houver uma remodelação e fusão de ministérios, algo impossível de fazer no actual contexto governativo e com a Troika a pedir resultados.
Das escolhas feitas por cada um dos Partidos é também notório o cumprimento da promessa de Pedro Passos de chamar mais independentes para o Governo. O CDS/PP só indicou um na sua quota de governantes, mas também não havia feito essa promessa.

Esta composição de governantes parece-me equilibrada, dinâmica e prometedora. Tenho de dar o beneficio da dúvida a Assunção Cristas, com uma pasta muito pesada e central do discurso do CDS/PP. Paulo Portas lá saberá e se ele tem confiança nela para lhe confiar a bandeira da agricultura o mínimo que todos podemos fazer é esperar para ver.
Ao nível dos independentes, são técnicos de reconhecido mérito mas que precisam de fazer o um tirocínio de politica para evitar algumas saídas, como aquela do Ministro da Economia querer que o tratassem por Álvaro. Pronto, é pura e simples inocência, mas também revela uma humildade sensibilizadora.

Devo dizer para fechar este ponto que ao contrário de Marcelo Rebelo de Sousa, creio que a escolha de Miguel Relvas é assaz acertada. Há um certo nível de concertação que tem de ser feito entre o Governo, os deputados e os Partidos que o suportam. Há programas de Governo sufragados pelo eleitorado e esses programas são os programas eleitorais dos partidos, que o Governo, que cada Ministro tem de respeitar porque foi isso que o povo votou e portanto é necessário, para que cada um não toque o que sabe ou que lhe parece, que haja uma figura de autoridade partidária, para além do Primeiro Ministro, no governo e recorde sempre que necessário aos senhores ministros e deputados qual foi a vontade expressa do povo português. Miguel Relvas é a pessoa indicada para essa tarefa, ainda para mais com um governo com tantos independentes.

Este elenco tem uma atitude que me parece prometedora e confiante, basta verificar que apesar dos esqueletos que vão caindo dos armários e que já levaram a medidas extraordinárias, mas isso fica para o próximo post, ainda ninguém veio culpabilizar o Governo anterior e poderiam fazê-lo com toda a verdade e propriedade, mas não, o discurso é feito para o futuro, de esperança e confiança e isso parece-me muito positivo e uma nova abordagem da actividade política muito correcta.

Quanto ao programa e às medidas, como já disse, fica para a próxima.

domingo, 19 de junho de 2011

Educação

Voltou a estar na ordem do dia a questão do sistema de ensino. O nosso sistema de ensino é uma miséria franciscana, sem pretender ofender a Ordem dos Franciscanos, a quem, independentemente de crenças religiosas, temos de reconhecer enormes méritos na ajuda humanitária e na filosofia de ajuda ao próximo.

A questão que se coloca é de novo a dicotomia entre a essência e a aparência.

O nosso sistema de ensino, até ao 12º ano, está cada vez mais desenhado para garantir um falso sucesso escolar. O que importa não é se o aluno sabe, o que importa é se o aluno passa de ano. A escola parece estar cada vez menos orientada para ensinar e mais para fornecer dados estatísticos simpáticos que indiquem um sistema com altas taxas de sucesso escolar.

A tal ponto chega a degradação que até já nos exames do Centro de Estudos Judiciários se copia descaradamente, mais um contributo notável para a confiança no sistema judicial…

Esta tendência tem urgentemente de ser invertida. Não conseguiremos ser um país desenvolvido de facto se não tivermos recursos humanos devidamente formados e isso nãos e consegue dando notas por favor ou para não ter de preencher mil e um formulários justificativos.

No sistema de ensino a avaliação tem de estar exclusivamente nas mãos dos professores e é preciso diminuir o peso da comunidade extra-escolar escolha dos dirigentes escolares. Não se pode ter de pedir autorização aos pais para reter um aluno. As coisas têm de ser simples, e simplesmente se o aluno sabe passa, se não sabe chumba e fim de conversa, para a próxima estude mais e jogue menos com a consola.

A mensagem que tem de ser dada aos nossos jovens é que as facilidades acabaram. Acabaram em todos os sectores e em especial nos sectores fundamentais para o futuro do país como é a educação. O facilitismo trouxe-nos à beira do abismo, degradou os nosso valores e pôs em causa o nosso futuro, se queremos efectivamente ser o que andamos há anos a tentar parecer, temos de mudar de rumo e dar qualidade ao nosso sistema de ensino e isso não se faz com turmas de 6 ano de "não-leitores".

O sistema de ensino foi usado como arma política para agradar aos pais e, por inevitabilidade dicotómica, atacar os professores. A verdade que tem de ser dita é que há alunos que não têm condições próprias para cumprir o percurso escolar completo. Há alunos que se estão pura e simplesmente nas tintas para estudar ou sequer para estar atentos ou calados nas aulas e isso não é culpa dos professores, é uma questão de carácter e de educação e a educação é responsabilidade dos pais.

Estou convicto que enquanto não houver um endurecimento significativo do sistema, que não permita facilidades, nem os alunos se dedicam a aprender, nem os pais a educar os seus filhinhos, porque vai tudo vivendo de uma aparência falsa, mas socialmente encapotada. Os alunos vão passando mesmo sem saber e os pais não passam pela vergonha de ver os seus filhos chumbados, logo tudo está bem quando acaba em bem, o mal vem depois, quando os meninos e as meninas chegam à universidade e ninguém lhes faz o favor de os passar, ou quando vão para o mercado de trabalho e revelam toda a sua ignorância, acabando por cair sucessivamente no desemprego.

Se realmente nos preocupamos como os nossos jovens, temos de os preparar o melhor possível para os desafios que o futuro inevitavelmente lhes vai colocar e isso não se faz promovendo a ignorância e a desresponsabilização.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Notas Finais



Não, não vou fechar o blog. São notas finais sobre as Legislativas e sobre um ciclo político de que fui bastante crítico.

José Sócrates consegui arrastar o país para a pior situação financeira em mais de um século e conseguiu arrastar o PS para o pior resultado eleitoral desde 1987, altura da primeira maioria absoluta de Cavaco Silva. Tais feitos culminaram com uma demissão anunciada, sem honra nem glória, virtude de um comportamento autista e absolutamente egocêntrico, em que a responsabilidade nunca foi assumida e os erros nunca foram reconhecidos. O PS perdeu meio milhão de votos e, para já, 19 deputados.

Francisco Louçã averbou também um derrota significativa, perdeu 300 mil votos e metade dos deputados, que de alguma foram também se vinha adivinhando e eu já o havia previsto, embora ao contrário de José Sócrates, Louça não tenha tido sequer a dignidade de se demitir, o que resto era expectável numa personalidade com graves lacunas de humildade e de coerência.

Jerónimo de Sousa, como sempre, ganhou. Elegeu mais um deputado e perdeu seis mil votos, 3mil dos quais no bastião do Distrito de Beja, o que parece não preocupar a CDU e o seu secretário-geral, como também parece contentar-se com a dita consolidação eleitoral, quando havia pelo menos 800 mil votos à esquerda para disputar, perdidos pelo PS e pelo Bloco.

Do outro lado, Paulo Portas embandeirou em arco e pensou que conseguia chegar aos 14%, enganou-se, apesar de ser um dos vencedores da noite, colocou a fasquia demasiado alta e isso fez a vitória saber-lhe a pouco. O CDS/PP conseguiu mais 60 mil votos e três deputados, o que é um crescimento, mas que soube a pouco, por excesso de confiança.

Finalmente, Pedro Passos Coelho, nunca inflectiu a sua estratégia, mesmo contra os conselhos dos seus mais directos conselheiros. Disse sempre o que pensava e o que pensava fazer mesmo que isso tivesse custos eleitorais, com a determinação que sempre teve. O PSD conseguiu mais 600 mil votos e conseguiu, pelo menos mais 27 deputados, tendo maior representação parlamentar que toda a esquerda junta. Não conseguiu a maioria absoluta, o que ensombrou um pouco a sua vitória, mas superou de longe os resultados das sondagens com dez porcento de vantagem sobre o PS. Já tinha dito que queria governar com o CDS/PP, mesmo que tivesse maioria, neste contexto terá mesmo de o fazer e esse será o seu primeiro desafio, conseguir um equilíbrio aceitável na constituição do Governo.

Agora abre-se um novo ciclo, um ciclo muito exigente, que começará com sacrifícios mas no qual se deposita a esperança de um futuro melhor para Portugal.

sábado, 4 de junho de 2011

A reflexão

Manda a Lei e a tradição que façamos um dia de reflexão antes de votar. Um dia sem a pressão das campanhas eleitorais, das notícias, das sondagens. E creio que Portugal bem precisa de esse dia, de parar, de pensar e de decidir.

Durante o período de campanha eleitoral não escrevi anda neste blogue. Propositadamente.
Participei quanto me foi possível, obviamente na campanha do meu partido, o PSD, para que conste caso alguém que leia este blogue seja distraído e o não tenha percebido por posts anteriores ;).

E a verdade é que durante todo este tempo fui consolidando a minha própria reflexão. Independentemente das razões partidárias, procuro sempre justificar as opções do coração com a razão, é a minha forma de ser, isso deixa-me mais tranquilo quando o consigo porque aprendi que só faz sentido estar na política se colocarmos sempre e acima de tudo os interesses do país e das pessoas. E continuo acreditar nisso.

Desta vez tenho a consciência o mais tranquila possível. Não tenho a mais leve sombra de dúvida que a minha opção de voto é a mais correcta para Portugal.

Quase 800 mil desempregados, a maior dívida externa em 100 anos, as maiores reduções nos apoios sociais, na saúde e na educação de que há memória, seriam razões suficientes para justificar o despedimento por indecente e má figura deste governo. Mas há mais. A mentira, o engano, a falta de palavra que caracterizam a actuação política de José Sócrates são mais razões que vêm acrescer à plena justificação da necessidade de mudança, de rumo e de actores.

O pior é que ainda há mais. Este governo apregoa a sua incompetência como uma vitória. Diz José Sócrates que endividou o país para fazer face à crise como todos os outros países da Europa, mas os outros estão a sair da crise, enquanto Portugal será o único a continuar em recessão em 2012. Haverá melhor prova da incompetência do Governo?

Depois, há mínimos de verticalidade, de verdade e de honestidade que não se podem deixar de garantir por muita demagogia que se aceite na política e este governo baixou desse patamar, baixou a um nível de comportamento, de discurso e de imagem que não são compatíveis com as exigências de uma democracia moderna. Os portugueses não podem ser tratados como burros, como estúpidos, como alguém a quem se pode insultar a inteligência com simples exercícios de retórica. Embora alguns o mereçam, é certo.

Merecem ser tratados assim aqueles que mesmo vendo os apoios sociais, as comparticipações na saúde e na Educação serem reduzidos todos os dias ainda acreditam que votar em José Sócrates é defender o Estado Social.

Merecem ser tratados dessa foram aqueles que mesmo vendo o desemprego, o emprego precário e os falsos recibos verdes crescer a um ritmo assustador, ainda acreditam que votar em José Sócrates é defender o direito ao emprego e à estabilidade laboral.

Merecem ser tratados desse modo todos aqueles que se sentem mais seguros com uma constituição que diz apenas que a saúde é tendencialmente gratuita, cada vez menos mostra a realidade, em lugar de dizer que a ninguém podem ser negados cuidados de saúde por razões económicas.

Merecem esse tratamento aqueles que depois de 6 anos sem crescimento económico visível e com um desnorte financeiro nunca visto neste país, ainda acreditam que José Sócrates vai tirar Portugal do buraco em que ele próprio o meteu e que se recusa a reconhecer que o fez, afirmando que vai continuar no mesmo caminho.

E mais, muito mais haveria para dizer quando a fazer fé nas sondagens ainda há 30% de portugueses que merecem a falta de respeito e a desgovernação com que José Sócrates nos brinda diariamente há seis anos.

Esta é a minha reflexão, e como já afirmei, não tenho qualquer dúvida que a opção de votar em Pedro Passos Coelho não é apenas por razões de amizade pessoal e partidária, é mesmo sustentada por razões inquestionáveis de interesse nacional.

sábado, 14 de maio de 2011

O maravilhoso mundo dos comentadores...

Neste país, por Sócrates à beira-mar afundado, temos um conjunto de comentadores e ditos "opinion makers" que francamente brada aos céus. Desde os simples jornalistas aos comentadores especializados, o cenário é dantesco, com poucas e honrosas excepções.

Na sua esmagadora maioria não têm as competências técnicas para avaliar as matérias que analisam ou cobrem e quando as têm, teimam em não as usar.

A propósito da Taxa Social Única, Sócrates e agora até Paulo Portas, vêm dizer que baixar a taxa gradualmente não têm impacto, e os senhores jornalistas acenam afirmativamente com a cabeça, afinal uma redução de 1 por cento parece obviamente baixa não é? Pois, mas a redução de 23,75 para 22,75 não é apenas 1 por cento, é 4, 2% do custo da TSU e no final dos 4 anos isso poderá significar uma redução de mais de 16% com esse custo do trabalho. Será que ninguém já sabe fazer contas neste país de sucesso educativo de Sócrates? Nem sequer os tais 1500 novos doutorados ano? Eu garanto que os "mal-sucedidos" detentores da velhinha 4 classe são capazes.

Depois seguem todos a mesma corrente. Isto é, se dois ou três fazem análises num determinado sentido, os restantes, mais para aqui, mais para ali, acabam por ir atrás.

Hoje estava a ler as últimas e vejo que o Secretário de Estado do Tesouro admite privatizar a RTP, e só na totalidade, não só um canal, isto quando o Primeiro-ministro recusou liminarmente essa privatização. Se fosse no PSD já estavam todos os comentadores a dizer que era a confusão do costume, neste caso ninguém falou. Como ninguém falou cada vez que o Ministro das Finanças ou dos Negócios Estrangeiros contradiziam o Primeiro-ministro, não no PS, não há confusão, não senhor, só temos um governo que nunca cumpriu aquilo que disse e um Primeiro-ministro que dá o dito por não dito todos os dias. Curiosamente já consideraram confusão quando Eduardo Catroga afirmou que a TSU deveria vir a descer até 8 pontos, num contexto de expectativa para daqui a alguns anos e verificada a recuperação económica, reforçando assim um caminho de aumento da competitividade, mas neste caso parece que tudo quanto é jornalista teve um súbito ataque de falta de discernimento e perceberam que era para já. Coitados, provavelmente vieram de algum processo de novas oportunidades...

Os nossos jornalistas e comentadores arrogam-se o direito de perceber só o que querem e de imputar aos outros as suas faltas de clarividência e na esmagadora maioria dos casos de simples bom senso e contextualização da frases e afirmações. O que é interessante é que normalmente as incompreensões só se verificam em relação ao PSD, quanto ao PS até as mais elementares mentiras parecem ficar claras nas mente destas senhoras e senhores...

domingo, 8 de maio de 2011

Coesão Europeia



A questão da ajuda externa a Portugal está a colocar a nu algumas das fragilidades estruturais da União Europeia.

O chamado sonho europeu objectiva em última fase um sistema federal, do tipo do Norte-americano ou Brasileiro, embora tal poucas vezes tenha sido admitido publicamente pelos dignitários da UE. Essa construção é um processo muito complexo num espaço multicultural, bastante heterogénico e com nacionalidades profunda e arreigadamente marcadas.

Há uma regra de ouro para a construção de unidades e é que o grupo avança ao ritmo dos mais lentos por forma a não causar a divisão do mesmo, ora, na UE isso nunca foi uma regra, sempre se estabeleceram regras ao ritmo dos mais rápidos e poderosos, leia-se a Alemanha, a França , Espanha, Itália e Reino Unido. Depois temos um conjunto de países que facilmente acompanham esse ritmo dada a sua dimensão e organização, ficando de fora deste pelotão, precisamente os países periféricos mais pequenos, Portugal, Grécia e Irlanda e outros que aderiram mais recentemente e que neste momento ainda não evidenciaram os problemas que terão para acompanhar os ritmos dos gigantes.

A verdade é que os nacionalismos não se esbateram, nem se esbatem com posições como as assumidas pela Finlândia ou pelo Reino Unido, que puseram em causa a sua participação na ajuda externa a Portugal. Nesta matéria a questão é muito simples: ou todos os estados contribuem ou o Fundo Europeu de Estabilização Financeiro da UE não tem razão de existir e ficam em causa todo um conjunto de medidas de solidariedade e de interajuda europeias, bem como o processo estrutural de construção da coesão social e económica da União Europeia.

O caminho, se é que alguma vez lá vamos chegar, não pode ser torpedado pelos interesses próprios de cada país, seja ao nível da participação nas iniciativas, seja ao nível de paternalismos ou prepotências bacocas de dirigentes nacionais como a Senhora Merkel e de outros que se arrogaram o direito de tomar posições sobre questões internas de Portugal. Ainda não ganharam esse direito, em especial quando todos os conselhos e opiniões nada tiveram a ver com o que era importante para Portugal, mas sim com os interesses próprios e egoístas dos seus países.

A evolução das relações entre os estados e a forma como se comportarem os dirigentes nacionais terá uma importância determinante na evolução e no futuro da União Europeia, se bem que seja fundamental que se perceba que o processo de construção de uma Europa unida não é irreversível nem está consolidado.

Mia Couto

Normalmente não faço posts com textos alheios, mas este merece...e merece ser lido.

" Geração à Rasca - A Nossa Culpa

Um dia, isto tinha de acontecer.
Existe uma geração à rasca?
Existe mais do que uma! Certamente!
Está à rasca a geração dos pais que educaram os seus meninos numa abastança caprichosa, protegendo-os de dificuldades e escondendo-lhes as agruras da vida.
Está à rasca a geração dos filhos que nunca foram ensinados a lidar com frustrações.
A ironia de tudo isto é que os jovens que agora se dizem (e também estão) à rasca são os que mais tiveram tudo.
Nunca nenhuma geração foi, como esta, tão privilegiada na sua infância e na sua adolescência. E nunca a sociedade exigiu tão pouco aos seus jovens como lhes tem sido exigido nos últimos anos.

Deslumbradas com a melhoria significativa das condições de vida, a minha geração e as seguintes (actualmente entre os 30 e os 50 anos) vingaram-se das dificuldades em que foram criadas, no antes ou no pós 1974, e quiseram dar aos seus filhos o melhor.
Ansiosos por sublimar as suas próprias frustrações, os pais investiram nos seus descendentes: proporcionaram-lhes os estudos que fazem deles a geração mais qualificada de sempre (já lá vamos...), mas também lhes deram uma vida desafogada, mimos e mordomias, entradas nos locais de diversão, cartas de condução e 1º automóvel, depósitos de combustível cheios, dinheiro no bolso para que nada lhes faltasse. Mesmo quando as expectativas de primeiro emprego saíram goradas, a família continuou presente, a garantir aos filhos cama, mesa e roupa lavada.
Durante anos, acreditaram estes pais e estas mães estar a fazer o melhor; o dinheiro ia chegando para comprar (quase) tudo, quantas vezes em substituição de princípios e de uma educação para a qual não havia tempo, já que ele era todo para o trabalho, garante do ordenado com que se compra (quase) tudo. E éramos (quase) todos felizes.

Depois, veio a crise, o aumento do custo de vida, o desemprego, ... A vaquinha emagreceu, feneceu, secou.

Foi então que os pais ficaram à rasca.
Os pais à rasca não vão a um concerto, mas os seus rebentos enchem Pavilhões Atlânticos e festivais de música e bares e discotecas onde não se entra à borla nem se consome fiado.
Os pais à rasca deixaram de ir ao restaurante, para poderem continuar a pagar restaurante aos filhos, num país onde uma festa de aniversário de adolescente que se preza é no restaurante e vedada a pais.
São pais que contam os cêntimos para pagar à rasca as contas da água e da luz e do resto, e que abdicam dos seus pequenos prazeres para que os filhos não prescindam da internet de banda larga a alta velocidade, nem dos qualquercoisaphones ou pads, sempre de última geração.

São estes pais mesmo à rasca, que já não aguentam, que começam a ter de dizer "não". É um "não" que nunca ensinaram os filhos a ouvir, e que por isso eles não suportam, nem compreendem, porque eles têm direitos, porque eles têm necessidades, porque eles têm expectativas, porque lhes disseram que eles são muito bons e eles querem, e querem, querem o que já ninguém lhes pode dar!

A sociedade colhe assim hoje os frutos do que semeou durante pelo menos duas décadas.

Eis agora uma geração de pais impotentes e frustrados.
Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que colecciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional.
Eis uma geração que vai a toda a parte, mas que não sabe estar em sítio nenhum. Uma geração que tem acesso a informação sem que isso signifique que é informada; uma geração dotada de trôpegas competências de leitura e interpretação da realidade em que se insere.
Eis uma geração habituada a comunicar por abreviaturas e frustrada por não poder abreviar do mesmo modo o caminho para o sucesso. Uma geração que deseja saltar as etapas da ascensão social à mesma velocidade que queimou etapas de crescimento. Uma geração que distingue mal a diferença entre emprego e trabalho, ambicionando mais aquele do que este, num tempo em que nem um nem outro abundam.
Eis uma geração que, de repente, se apercebeu que não manda no mundo como mandou nos pais e que agora quer ditar regras à sociedade como as foi ditando à escola, alarvemente e sem maneiras.
Eis uma geração tão habituada ao muito e ao supérfluo que o pouco não lhe chega e o acessório se lhe tornou indispensável.
Eis uma geração consumista, insaciável e completamente desorientada.
Eis uma geração preparadinha para ser arrastada, para servir de montada a quem é exímio na arte de cavalgar demagogicamente sobre o desespero alheio.

Há talento e cultura e capacidade e competência e solidariedade e inteligência nesta geração?
Claro que há. Conheço uns bons e valentes punhados de exemplos!
Os jovens que detêm estas capacidades-características não encaixam no retrato colectivo, pouco se identificam com os seus contemporâneos, e nem são esses que se queixam assim (embora estejam à rasca, como todos nós).
Chego a ter a impressão de que, se alguns jovens mais inflamados pudessem, atirariam ao tapete os seus contemporâneos que trabalham bem, os que são empreendedores, os que conseguem bons resultados académicos, porque, que inveja!, que chatice!, são betinhos, cromos que só estorvam os outros (como se viu no último Prós e Contras) e, oh, injustiça!, já estão a ser capazes de abarbatar bons ordenados e a subir na vida.

E nós, os mais velhos, estaremos em vias de ser caçados à entrada dos nossos locais de trabalho, para deixarmos livres os invejados lugares a que alguns acham ter direito e que pelos vistos - e a acreditar no que ultimamente ouvimos de algumas almas - ocupamos injusta, imerecida e indevidamente?!!!

Novos e velhos, todos estamos à rasca.
Apesar do tom desta minha prosa, o que eu tenho mesmo é pena destes jovens.
Tudo o que atrás escrevi serve apenas para demonstrar a minha firme convicção de que a culpa não é deles.
A culpa de tudo isto é nossa, que não soubemos formar nem educar, nem fazer melhor, mas é uma culpa que morre solteira, porque é de todos, e a sociedade não consegue, não quer, não pode assumi-la.
Curiosamente, não é desta culpa maior que os jovens agora nos acusam. Haverá mais triste prova do nosso falhanço?
Pode ser que tudo isto não passe de alarmismo, de um exagero meu, de uma generalização injusta.
Pode ser que nada/ninguém seja assim.

MIA COUTO "

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Adeus...

Alguém mo explica?



Se o PEC IV era não só suficiente, como muito melhor que as medidas agora acordadas com a troika, conforme anda a apregoar tudo quanto é ministro de José Sócrates e o próprio também, porque razão é que a dita troika não se limitou a defender a sua aplicação pura e simplesmente? Afinal já tinham o trabalho e os planos feitos.

Serei só eu que acho esta conversa demagógica e mais uma descarada mentira?

terça-feira, 3 de maio de 2011

O mentiroso normal...



Estive a conferir todas as declarações públicas de Pedro Passos Coelho e não encontrei em nenhuma qualquer afirmação que pudesse ter originado o comentário de José Sócrates em que acusava Pedro Passos de querer destruir o sistema de ensino público, como de resto acusa em relação ao Serviço Nacional de Saúde, Segurança Social, transportes públicos, etc...

Curiosamente, as filhas de Pedro Passos Coelho andam na escola pública e os de Sócrates na privada...

A estratégia de Sócrates é simples: Acusa Pedro Passos Coelho de tudo todos os dias para assim não ter de falar do seu ridículo e obsoleto programa eleitoral, que toda a gente já reconheceu como absurdo e absolutamente ultrapassado e irrealista e ainda para não ter de falar dos seus gloriosos seis anos de governação que duplicaram a dívida externa, o desemprego e nos trouxeram até à beira do abismo e da completa desagregação social.

Atrevo-me a afirmar que mesmo que Pedro Passos quisesse destruir algum destes sistemas já vinha tarde porque Sócrates já se encarregou de o fazer. A verdade é que Sócrates faz exactamente o oposto daquilo que apregoa e fá-lo com um ar tão convicto que começo a suspeitar que a criatura padece de alguma dissociação mental grave.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Assim não...

Quando é que o Jorge Jesus se convence que o Benfica não pode continuar a jogar com menos um jogador? Alguém me explica o que é que o Cardozo andou a fazer esta época toda no Benfica?

segunda-feira, 11 de abril de 2011

sábado, 9 de abril de 2011

Os enganos de António Costa

António Costa lá foi fazer o frete de defender José Sócrates no Congresso do PS. Sem muita convicção e à falta de melhores argumentos optou por fazer o discurso falacioso do medo, de acenar com as desgraças que aí vêm se o PSD ganhar as eleições.

Dizia Costa que o PSD quer acabar com o Serviço Nacional de Saúde e com o ensino público, mas esqueceu-se de dizer quem é que tem vindo a degradar o SNS e as condições de acesso à saúde dos portugueses, quem é que tem vindo a transformar o ensino público no sistema pior conceituado da Europa.

Ninguém no PSD alguma vez falou em acabar ou privatizar a saúde ou o ensino, em bom rigor quem tem vindo a privatizar progressivamente a saúde, a provocar a falta de recursos no SNS foram os Governos de José Sócrates. Quem tem vindo a destruir o sistema de ensino, a provocar constantes tensões no sector foram os Governos de José Sócrates.

Eu até percebo que António Costa não tinha nada mais para dizer...mas o silêncio é preferível a dizer asneira...

Segue o baile...

Tenho seguido com algum interesse o Congresso do PS. Em bom rigor mais parece um velho congresso do PCP, em que todos repetem o mesmo discurso como se tivessem a cassete decorada.

À parte desta curiosidade, o discurso continua a ser o chorrilho de mentiras que o governo tem vindo a proferir nas últimas semanas.

A crise política foi provocada pelo Governo, Sócrates sabia bem que não conseguia evitar o pedido de ajuda externa e portanto apresentou um PEC IV com medidas inaceitáveis, utilizando uma metodologia completamente desadequada arranjando assim uma desculpa na medida em que sabia que a proposta tinha de ser recusada. Se somarmos a isto o facto do PEC IV ser apresentado três meses depois do PEC III e numa altura em que o Governo apregoava que tudo estava a corre bem na execução orçamental, é fácil de perceber que a credibilidade do Governo ficava ferida de morte e não havia espaço para mais votos de confiança.

Neste momento o PS e o Governo estão fundamentalmente preocupados em conhecer as propostas do PSD e como não as conhecem criticam esse facto, mas afinal o papel do PS na sociedade portuguesa é encontrar soluções diferentes daquelas que pôs em prática até agora e nos conduziu a este triste estado ou criticar as propostas que o PSD venha a fazer?

Parece que o PS não aprendeu, que Sócrates não percebeu que as políticas que implementou nos últimos seis anos foram a causa do problema e portanto o seu grande objectivo é apenas criticar o que o PSD venha a propor de diferente. Triste.

sábado, 2 de abril de 2011

Cada vez melhor....


Bom, uma população bem informada como a portuguesa já leu nas manchetes dos jornais, e alguns acreditaram, que o PSD vai elevar o IVA para 24 ou 25%, que vai cortar o 13º mês e ficámos hoje a saber que constava que irá também cortar o subsídio de férias e sabe-se lá que mais, independentemente de ninguém do PSD ter afirmado qualquer um desses disparates.
....Só falta dizer que vamos começar a comer criancinhas ao pequeno almoço...mas com esta vergonhosa campanha para tentar provocar terror nos mais crédulos e desinformados lá chegaremos...

quarta-feira, 30 de março de 2011

Vergonha....

Ao ver o Primeiro Jornal da SIC fiquei revoltado com a postura do pivot Bento Rodrigues. Primeiro esforçou-se por passar a mensagem do PS que quer à viva força que o PSD apresente o seu programa de Governo já, como se fosse o PS que define o tempo em que o PSD deve apresentar o seu programa eleitoral. Não contente com esse frete ao PS ainda tentou influenciar o comentador José Gomes Ferreira para que este criticasse os princípios orientadores do Programa do PSD e reagiu mal quando o comentador os começou a elogiar.

Foi triste ver o senhor Bento Rodrigues perguntar se as medidas eram suficientes, abanando a cabeça como que a dizer que não e mistificando a pergunta ao chamar medidas a princípios orientadores. Esta é a comunicação social que temos e este vergonhoso episódio apenas veio confirmar o que eu escrevi no post anterior.

As verdadeiras mentiras


Hoje assistimos ao inicio de uma nova campanha de mentiras por parte do Governo. É triste, mas é nestes termos que as coisas têm de ser postas e ditas.

O corte do Rating de Portugal pouco teve que ver com a crise política, a verdade é que as agências de Rating estão ao serviço das grandes entidades financeiras e estas não gostaram que a Cimeira da União Europeia não tenha decidido garantir em conjunto as dívidas soberanas do diversos países da zona euro. Por isso a senhora Merkel, o Sr. Zapatero, etc, ficaram irritados com o chumbo da famigerado PEC IV. Eles próprios enfrentam graves crises de popularidade nos seus países e não estão dispostos a ajudar os outros, o que significaria menor margem de manobra interna. Assim as agências de Rating vieram expressar o descontentamento dos grupos financeiros para darem um aviso à União Europeia. Portanto quando os Srs. Ministros da Finanças e da Economia e também o Sr. Primeiro-ministro vieram dizer que a queda no Rating era motivada pelo chumbo do PEC, mentiram e sabiam que estavam a mentir.

Mas, o Sr. Primeiro-ministro tem sempre de se destacar e portanto voltou a mentir. Mentiu quando disse que o PSD queria aumentar o IVA e mentiu de novo quando disse que o PSD "pensava" cortar o 13ª mês. A primeira questão já foi esclarecida por Pedro Passos Coelho que afirmou que se faltasse dinheiro para atingir a meta do défice, preferia aumentar o IVA a reduzir as pensões de reforma mínimas por uma questão de justiça social e moral. Bem sabemos que Sócrates preferia tirar aos que já quase nada têm, mas o PSD é diferente. A segunda questão nunca foi dita por um dirigente do PSD, foi uma armadilha de um senhor jornalista a António Carrapatoso, perguntando-lhe se admitia que o FMI poderia trazer consigo medidas como tipo do corte do 13º mês, ao que Carrapatoso surpreendido acenou um talvez. Daqui a dizer que o PSD quer cortar o 13º mês foi o frete de alguns jornalistas ao governo.

Todos sabemos que muita comunicação social está controlada e que continuam a distorcer a verdade a favor do Governo, pelo que, hoje mais do que nunca, é importante não acreditar, sem aprofundar a informação, nas manchetes que se lêem nos jornais ou da televisão.

Já começou a campanha da calúnia e da difamação, a única que José Sócrates sabe fazer quando já não pode iludir os portugueses com falsas promessas de 150 mil postos de trabalho, nem pode esconder o calamitoso estado a que conduziu Portugal.

E a procissão ainda vai no adro...

terça-feira, 29 de março de 2011

Não há almoços grátis....

Pelos vistos a última moda é toda a gente saber o que é melhor para Portugal...mesmo sem serem portugueses, nem conhecerem com exactidão as condições e as realidades do nosso país.

Toda a gente nos dá conselhos sobre como enfrentar a nossa triste situação, relembrando-me esses palpites que, como diz o provérbio, se os conselhos fossem bons, vendiam-se, não se davam.

O nosso nacional saloismo faz-nos valorizar de modo exagerado as opiniões dos estrangeiros, sejam elas do Banco Central Europeu, da OCDE, do Primeiro-ministro Espanhol, da senhora Merkel ou até de Lula da Silva, sem questionar sequer quais os motivos, quais as intenções, por detrás desses conselhos.

A verdade é que somos nós, portugueses, quem conhece a realidade do nosso país, as nossas capacidades e as nossas fraquezas e portanto temos de ser nós a escolher qual o caminho mais conveniente para sairmos desta crise, independentemente dos interesse dos outros.

O desplante é tal que vieram alguns notáveis internacionais, senhoras e senhores de chorudos ordenados em países com níveis de vida brutalmente superiores ao nosso, aplaudir medidas que congelavam pensões de sobrevivência de pouco mais de 180 euros. É preciso presunção e completa falta de sentido humano e de justiça social. Gente desta não me merece qualquer credibilidade, nem política, nem tecnicamente.

Acredito que para muitos deles seria conveniente que Portugal continuasse a ser o alvo dos especuladores dos mercados financeiros, antes que eles fixem os seus alvos noutros países, provavelmente até nos seus, criando situações muito mais embaraçosas para a zona Euro, mas para esse peditório já contribuiu de forma calamitosa o actual governo.

Diz-se que há duas espécies de idiotas, os que desconfiam de tudo e os que não desconfiam de nada...portanto....

sábado, 26 de março de 2011

Primeiras Notas

Tenho recebido algumas mensagens por ainda ter comentado os últimos desenvolvimentos políticos do nosso país. A verdade é que tenho estado a observar e a interpretar.

Sócrates fez o único que podia fazer. Tento percebido que o arrastar desta situação aliado à incapacidade do Governo de reduzir a despesa e às pressões da UE, levariam a que inevitavelmente tivesse de vir a pedir ajuda externa preferiu provocar já uma crise política em circunstâncias que lhe permitem voltar a candidatar-se do que cozer em fogo lento mais seis meses e depois perder essa oportunidade. Não se trata dos interesses do país, trata-se dos interesses de José Sócrates e dos seus amigos, com este processo Sócrates será deputado e os seus amigos também, daqui a seis meses o panorama poderia ser diferente. Aliás é notório o nervosismo dos boys do PS, desde os conhecidos aos anónimos, bem expresso nos comentários postados na net às diversas notícias sobre o desenrolar da crise, onde invariavelmente ameaçam com os malefícios do FMI e tentam criar o medo de novos aumentos de impostos e até do corte do 13º mês, como no tempo de Mário Soares. Tudo não passa de desespero.

Do outro lado, Pedro Passos Coelho, também não teve grandes hipótese de escolha. Nunca admitiria o PEC IV, quer por razões formais, quer por razões de conteúdo, mas essencialmente por ser a prova irrefutável da incompetência do Governo e de que a consolidação orçamental indispensável para Portugal superar esta crise não estava a ser feita. O tempo ideal para Passos Coelho seria daqui a seis meses, com Sócrates já completamente "carbonizado", mas ao contrário de Sócrates, Pedro Passos colocou os interesses de Portugal em primeiro lugar e assumiu o risco de vir a Governar num período extremadamente complexo e onde terá de tomar medidas muito difíceis.

Pedro Passos sabe, como todos sabemos, que quando chegar ao Governo terá muitas e desagradáveis surpresas em relação à real situação do país e das contas públicas e, mais uma vez e com risco para ele próprio, decidiu dizer a verdade aos portugueses e não jurar que não vai mexer na carga fiscal, embora só o tenha admitido em situação limite e de calamidade nacional. Pedro Passos sabe e disse muito bem que a receita fiscal não sobe na exacta medida da carga fiscal porque esta provoca redução da actividade económica e portanto não sairemos desta crise aumentando impostos, sairemos desta crise produzindo mais e dinamizando a economia, o que implica também aumento do consumo interno, por redução do desemprego e redução da carga fiscal.

Para já fico por aqui, embora haja mais uns aspectos colaterais sobre os quais escreverei depois, nomeadamente as reacções nacionais e internacionais, mas esse será outro post.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Até que enfim....

O Primeiro-ministro anunciou esta noite que se o PEC IV não for aprovado no Parlamento deverá haver eleições antecipadas. Embora seja legitimo ter dúvidas de desta vez e pela primeira vez cumprirá as suas promessas e honrará a sua palavra, essa eventualidade é mais um bom motivo para chumbar o dito PEC, para além de que o próprio PEC bem merece um chumbo liminar!