sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

A Causa das Coisas



Foi criado um blog, http://moura2009.blogspot.com/, por sinal muito arrumadinho e sério, sem permitir controvérsias, onde se pode opinar sobre quem seria o melhor candidato a Presidente da Câmara de Moura que os partidos políticos poderiam apresentar nas próximas eleições.

Há poucos dias, um amigo veio todo entusiasmado dizer-me que, no caso do PSD, o meu nome era "esmagadoramente" o mais votado e perguntar-me se eu não estava contente. Eu já tinha visto o blog até porque me tinham deixado um comentário sobre o assunto e limitei-me a fazer-lhe uma pergunta: "Pois é, só resta saber se quem votou em mim são eleitores dispostos a votar no PSD se eu fosse o candidato ou são eleitores já definidos de outros partidos, é que isso determina a interpretação a fazer."

Ele ficou pensativo. Eu também.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Carnaval

Até gosto, mas para que conste, prefiro este




a este


Se me abstrair dos evidentes atributos da intérprete, claro.

Can, Must and Have To


Foi noticiado em vários órgãos de comunicação social que o Eurostat veio confirmar o que já todos sabíamos, mas agora é um organismo independente a confirmar que desde 2005 o rendimento médio dos portugueses tem vindo a afastar-se do rendimento médio da União Europeia, o que significa que temos vindo a ficar comparativamente mais pobres. Este é um assunto em que o Governo não se pode desculpar com a crise internacional, porque essa afectou todos os países da União, logo o descalabro português em relação aos restantes estados membros é culpa exclusiva de José Sócrates e do seu Governo.

No mesmo caminho vai o desemprego. Em 2005 Santana Lopes deixa a Sócrates um país com uma taxa de desemprego inferior à média da União Europeia, Sócrates em quatro anos consegue que a taxa de desemprego já ultrapasse em 0,7% a média dos restantes países membros. Também aqui a crise internacional não é desculpa, pelos mesmos motivos, o culpado é este governo.

A noticia que aqui referi dizia que apesar de tudo há um ponto positivo e é que a produtividade média dos portugueses subiu 2%. Interpretação errónea do jornalista! A produtividade é, simplificadamente, a divisão do PIB pelo número de trabalhadores, logo sempre que o desemprego sobe, como o PIB não depende directamente e exclusivamente do nível de emprego, a produtividade sobe, não porque se esteja a produzir mais, não porque a produção seja mais eficiente, mas porque o denominador da divisão, o número de trabalhadores, diminui mais que o numerador, o PIB. Quantos menos os trabalhadores, maior a produtividade. O verdadeiro aumento de produtividade só se dá em situações de manutenção ou crescimento do número de empregados.

Portanto tudo afinal são más noticias, pelo que, nesta matéria e para este senhor é fundamental modificar a mundialmente famosa frase do Presidente Obama, já não chega Yes, We Can, tem de ser Yes, We Must, and Yes, We Have To

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Por 30 Dinheiros

Por vezes metemos-nos em guerras que não são nossas, pelo simples facto de podermos ajudar os outros. Eu caio muitas vezes nesta tentação, deve ser algo patológico, uma necessidade de ajudar mesmo com prejuízos próprios, mesmo contra o que a inteligência me aconselha como sendo o melhor para os meus interesses pessoais.
Talvez seja uma questão de princípios, talvez seja porque as injustiças me tiram do sério e me revoltam, em particular quando derivam de abusos de poder.

E foi assim que há uns anos me meti em mais uma guerra, para ajudar algumas pessoas amigas e outras que nem conhecia. Fiel aos meus princípios fui sempre solidário com aqueles que comigo embarcaram nesta nau, convicto de que aqueles que seriam os principais beneficiários desta luta se mantinham também firmes nas suas posições, mas enganei-me. Eu sou dos que se engana muitas vezes ao julgar o carácter dos outros e verifiquei que afinal, quando olhei para trás e precisava de ter os apoios necessários para terminar a guerra de uma vez por todas, uns trocos habilmente distribuídos ao longo do tempo e uma inconsciência sobre o que estava realmente em jogo tinham feito debandar a maioria das tropas, quando por sinal tinham sido elas próprias a fazer o levantamento de rancho.

Pela minha parte tenho a consciência tranquila, mas tenho pena, pelos poucos que tiveram a coragem de ficar e também pelos outros que não tiveram a lucidez de perceber que o que mudou entretanto foi em resultado dessa luta e que quando ela acabar, se não for vencida, tudo vai voltar ao mesmo, mas nessa altura podem é não encontrar quem esteja disposto a fazer essa guerra por eles.
Eu não estarei com certeza.
A mim todos têm a oportunidade de me trair, mas só o fazem uma vez.

Quem sabe se não haverá ainda justiça poética .

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A Insustentável teimosia do ser


Há pessoas cuja principal convicção é a de estão certos e são os donos da verdade e da razão. Normalmente são péssimos estrategas e ainda piores executantes dado que são incapazes de perceber quando é altura de mudar de rumo.

São pessoas que vão sempre até ao fim, orgulhosamente olhando de frente o abismo, indiferentes à sua aproximação porque estão certos de que têm razão. Não, não são corajosos, apenas cegos e obstinados, normalmente é preciso muita mais coragem para mudar, para reconhecer que se errou e mudar o caminho. Também não são seguros, a sua teimosia é a forma de esconder, de ultrapassar, a sua profunda insegurança, têm dificuldade em lidar com críticas e limitam-se a repetir aquilo que sempre disseram para se auto-convencer de que estão certos e mostrar que são consistentes e verticais, que têm convicções.

Este tipo de personalidades também não aprende com erros, mesmo depois de cair no abismo encontram justificações para o ocorrido atribuindo sempre a responsabilidade a terceiros, foram sempre os outros que falharam, porque eles são infalíveis, eles têm razão e voltam, se tiverem essa ocasião, a percorrer exactamente o mesmo caminho.

No mundo da política existe uma concentração anormal deste tipo de personalidades e por vezes alguns deles conseguem atingir, aos mais diversos níveis, posições de algum destaque que lhes permitem impor o seu caminho. É aqui que as coisas se tornam mais complicadas, porque arrastam os outros consigo, arrastam projectos, arrastam oportunidades para o abismo para onde invariavelmente caminham. São personalidades que nunca vão perceber que em política mais vale cair em graça que ser engraçado, isto é, quando os eleitores não simpatizam connosco, seja por que motivo for e seja esse motivo justificado ou não, de pouco ou nada vale espernear, de pouco ou nada vale insistir, é como o charme, ou se tem ou não se tem, não se compra, não se adquire.

Indiferentes a qualquer crítica ou sugestão, venha de apoiantes ou de adversários, indiferentes a quaisquer indicadores actuais ou passados, os detentores da verdade suprema continuam firmes e hirtos no alto das suas convicções a caminhar para o penhasco onde vão inevitavelmente e por culpa própria tombar.

Neste ano eleitoral teremos ocasião de apreciar a actuação de alguns deles, quer ao nível nacional, quer também aos níveis regional e local. Para quem goste analisar este tipo de situação será um ano muito promissor.
Eu, pela minha parte, tenho uns quantos debaixo de olho.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Cego ou alucinado????

Confesso que não sou daqueles que crucifica os árbitros por cometerem erros, afinal há muita situações em que as dúvidas só se tiram depois de rever a jogada em câmara lenta e muitas vezes ainda ficam dúvidas.
Mas na verdade há erros e erros. Há erros perfeitamente normais quando os árbitros até estão a uns metros largos da jogada, quando têm o ângulo de visão tapado por jogadores, etc., etc. Tudo isso é normal e compreensível.

No entanto hoje fiquei francamente irritado com o penalti que um senhor cujo nome nem merece ser aqui escrito mandou marcar no Porto-Benfica. E irritou-me porque mesmo sem repetição viu-se logo que não havia falta e a criatura do apito estava a um metro e de frente para o lance, portanto ou é cego ou tem alucinações ou devia estar no processo apito dourado!

A verdade é que não sei porque razão os árbitros têm a tendência de marcar com maior facilidade grandes penalidades a favor do Porto, muitas vezes que nem existiram. Obviamente que culpa não é dos jogadores ou da equipa do Porto, mas lá que é estranho, é estranho, que dá que pensar lá isso dá.

Agora pergunto-me que tipo de punição terá o Sr. árbitro por ter influenciado o resultado do jogo com erro grosseiro ou fica impune? Será que são só os jogadores que são punidos por cometerem erros e faltas?

Francamente deviam mandar este Sr. árbitro para os campeonatos distritais para ver se melhora a visão ou se trata das alucinações!

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Saramago o semi-feminista

Confesso que não tenho grande apreço por José Saramago, por mais prémios Nobel que lhe possam dar, não gosto da sua literatura e muito menos das suas opiniões.

Não gostei do que disse quando foi viver para Espanha e não gostei que este país tivesse o comportamento parolo e saloio de se ter colado a Saramago porque recebeu o prémio Nobel. Se o não tivesse recebido seria tratado como uma espécie de traidor à pátria, como recebeu passou a ser o "supra-sumo da barbatana" e o nosso provincianismo militante levou a que o idolatrássemos, não por ele, mas pelo prémio, um claro reflexo da nossa necessidade de afirmação no mundo e falta de auto-estima!

A ultima saída do vetusto cavalheiro foi recomendar a Hilary Clinton que deixasse de utilizar o apelido do marido e passasse a usar o do pai, Rhodam, tornando-se assim uma boa filha e dando razões de orgulho à família. Confesso que a minha primeira reacção foi rir, rir muito, enquanto não paga imposto. Mas depois fiquei preocupado, então e a mãe de Hilary, não se iria sentir ofendida por a filha adoptar o apelido do pai e não seu? Não será isso uma inaceitável forma de machismo? E José Saramago, porque não adopta o apelido da mãe e expurga de vez o machismo ele próprio? Indo ainda mais longe, será que o apelido da mãe não lhe foi transmitido pelo pai desta, neste caso o avô e não pela sua mãe, a avó? É que mesmo adoptando o apelido da mãe estaria a perpetuar a linha patriarcal através do avô. A coisa parece assim complexa de resolver, em especial porque teríamos de reinventar milénios de história, o que é um pouco mais complicado do que escrever romances sem pontuação.

A comunicação social podia era poupar-nos a todos, a ele inclusivamente e ignorar este tipo de dislates porque a proveta idade da criatura já lhe devia merecer alguma protecção.
E nós também!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O Mártir


Há momentos tristes na vida das pessoas. Todos os temos, mesmo nas nossas vidas privadas, uma palavra dita a mais, uma frase mal pronunciada, uma expressão equívoca, até um silêncio inconveniente. Na maior parte dos casos isto acontece porque queremos esconder alguma coisa ou desviar as atenções de algum assunto que nos incomoda. Quantas vezes reagimos mal a uma pergunta ou até a um comentário porque isso nos traz outras recordações ou porque queremos manter as distâncias em relação a assuntos que consideramos íntimos ou privados. Tudo isto é humano e compreensível.

Mas o que dizer de uma figura publica, ainda para mais um ministro da nação, que causa polémica de forma gratuita e grosseira só para ver se as noticias nos dias seguintes não dão tanto relevo ao caso Freeport tentando assim proteger o seu patrão.

É claro que Santos Silva sabia exactamente o resultado das suas palavras, sabia exactamente que seria notícia e que todos os grupos parlamentares lhe iriam responder, mais, sabia bem que a sua imagem ficaria bastante prejudicada na opinião pública que não tolera facilmente este tipo de linguagem. Ele simplesmente sacrificou-se.

Sr. Ministro, por valoroso que tenha sido o seu sacrifico, é no entanto inglório e revela uma estratégia de desespero e algo primária, fundamentalmente porque depois da dimensão que já atingiu o caso Freeport não vai conseguir tapar o "sol com a peneira" e no fim de semana lá vai voltar o assunto, com novas ou com velhas revelações, às primeiras páginas da comunicação social e será assim até que tudo esteja cabalmente esclarecido.
Por último, note bem que hoje já não se consideram os mártires como noutros tempos, hoje em lugar de lhe erguerem altares, hoje ainda lhe lançam mais achas para a fogueira...principalmente aqueles que aspiram ao lugar que o mártir ocupa...