sexta-feira, 19 de junho de 2009

Toys...



Por acaso ainda não tinha tornada pública a minha posição sobre o tão falado TGV.

Creio que para já é uma obra perfeitamente dispensável e que há outros modos bem mais eficientes para gastar o dinheiro e que tragam realmente algo de positivo para a economia nacional.

Mas começando pelo TGV, para mim a única ligação que faz sentido é Lisboa - Madrid, tudo o resto é ficção, senão vejamos: O Alfa Pendular leva duas horas e quarenta minutos para ir de Lisboa ao Porto e ainda pára em três estações, se o não fizesse ganharia facilmente uma meia hora ou mais neste percurso, o TGV leva uma hora e um quarto, logo ir gastar mail de 4 mil milhões de euros para encurtar a distância em aproximadamente uma hora parece-me um luxo de que não precisamos já para não falar da duvidosa viabilidade económica da coisa, pois o bilhete não deve ser exactamente o mesmo preço do Alfa...

A mesma lógica se aplica à linha Porto - Vigo, os tempos de viagem que estamos em presença não justificam investimentos destes num país que baixou quase 30% as suas exportações nos primeiros três meses deste ano, haverá de certeza outras opções para investir estas verbas, dinamizar a economia e criar postos de trabalho ou até investir na Educação, Saúde, Justiça, enfim em qualquer área de serviços públicos que bem necessitam de investimentos e de melhorias. Em último caso até poderíamos usar esse dinheiro para baixar os malfadados impostos que nos asfixiam há vários anos. Esta fixação com o TGV mais parece uma criancice, um capricho do menino Sócrates a querer deixar uma marca indelével da sua governação no país. Não é preciso já vai deixar muitas e negras sem ser necessário esturrar mais dinheiro inutilmente.

Parece-me bem mais importante aumentar as taxas de comparticipação para o investimento empresarial, quer no tocante a empresas de exportação, quer para as que operam fundamentalmente no mercado nacional e cujos produtos e serviços podem impedir importações, sendo que todas elas podem criar postos de trabalho, do que investir em linhas de alta velocidade que serão usados por muito poucos e cujos benefícios directos e imediatos levantam enormes interrogações.

José Manuel Durão Barroso conseguiu o apoio dos 27 Chefes de Estado e Governo da UE para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia.

Como português tenho orgulho que ele tenha conseguido esse reconhecimento, que de alguma forma é também o reconhecimento de que um pequeno país como Portugal, afinal, não se mede apenas pela extensão do seu território ou pelo número da sua população, pode medir-se pela competência e pela qualidade dos seus cidadãos.

Este é um facto que deveria dar-nos alguns palpites sobre a forma com o devemos encarar a nossa, apesar de tudo, ainda recente aventura europeia. Depois de termos construído um império pela coragem e pelo arrojo dos nossos navegadores, passámos por períodos de tempo em que a nossa influência no mundo regrediu até à completa insignificância. Hoje voltamos a ter cidadãos portugueses em lugares de destaque no seio de várias instituições Europeias e Mundiais. Não foram escolhidos por sermos influentes, foram-no pela suas características pessoais e por terem conseguido ganhar o respeito dos outros, sem os estigmas que quem representa uma das grandes nações tem sempre de enfrentar no contexto geo-político mundial. A nossa pequena dimensão consubstancia-se aqui numa vantagem que pode ser aproveitada assim consigamos produzir cidadãos com qualidade e com competências. Este é o nosso novo desafio, chama-se educação e francamente estamos a perdê-lo com o facilitismo, com a falta de rigor e de exigência.

Esta bem pode ser a nossa única hipótese, nos próximos séculos, de recuperar influência no mundo e construir a prosperidade que queremos para Portugal, mas para isso vamos ter de deixar de brincar aos sistemas de ensino e de fazer uma reforma todos os anos. No final não contam os números, contam as competências verdadeiramente adquiridas e tal valor é válido desde o universo profissional, empresarial, passando pelos serviços públicos até ao geo-estratégico europeu e mundial.

Ou conseguimos criar um sistema de ensino que gere cidadãos de elevada qualidade e potencial, ou não passaremos da mediocridade intelectual e técnica que já nos começa a afogar.

De nada serve ser saudosista, já não temos de marchar contra os canhões e o amor e uma cabana só já satisfaz os primeiros 3 meses pelo que é bom que nos compenetremos que a nossa era é a da inteligência, da preparação técnica e da universalidade, onde o mais importante recurso, hoje e doravante, é o conhecimento,

domingo, 7 de junho de 2009

As sondagens...

As eleições europeias tiveram o resultado que eu esperava e aqui deixei vaticinado. Apesar das sondagens dizerem que o PS ia ganhar a voz das pessoas na rua dizia o contrário e por mais que os fazedores de sondagens se esforçassem por arrefecer a contestação, o povo falou com clareza.

Desta vez tivemos uma novidade. Usando os mesmos critérios que resultaram em falhas clamorosas quanto às sondagens divulgadas durante as últimas semanas sobre as europeias, foram apresentadas sondagens sobre as legislativas que dizem o mesmo que diziam sobre as europeias, isto é que o PS irá ganhar.

É curioso que se tenham realizado pela primeira vez sondagens sobre as eleições seguintes antes das imediatas, se não acreditasse na verticalidade das empresas que realizam estas sondagens diria que mais parece um favor ao PS, isto é perdem estas mas vão ganhar as próximas.

Em qualquer caso a verdade é que os critérios de distribuição de indecisos tendem a favorecer quem ganhou as últimas eleições similares, isto é no caso das legislativas as sondagens que distribuem indecisos tendem a favorecer o PS e dada a diferença de votação em 2005 esse "favorecimento" pode significar um erro enorme, tal como acontecem neste caso. Para quem está menos familiarizado com as técnicas de sondagens, o que sucede é que quando os eleitores que respondem à sondagem se dizem indecisos, no final esse número de indecisos é distribuído, em determinada percentagem e de acordo com a abstenção verificada nas eleições homologas anteriores, pelos partidos cujo resultado se pretende estimar. Ora esta divisão é feita de acordo com os resultados obtidos por esses partidos nessas mesmas eleições anteriores.

O erro das sondagens em relação às Europeias pode precisamente vir destas contas que se aplicam nas sondagens, nas europeias de 2004 o PS teve 44%, logo isso teve uma influência na distribuição de indecisos muito forte e deu durante as semanas mais recentes resultados de sondagens em que o PS ganhava, mas a verdade é que as urnas disseram que os indecisos não se distribuíram de acordo com os resultados de 2004, mas sim de acordo com a consciência de cada eleitor.

Em resumo, as sondagens para as legislativas que dizem que o PS irá ganhar valem tanto quanto valiam as sondagens que diziam que o PS ganharia as Europeias.