domingo, 19 de junho de 2011

Educação

Voltou a estar na ordem do dia a questão do sistema de ensino. O nosso sistema de ensino é uma miséria franciscana, sem pretender ofender a Ordem dos Franciscanos, a quem, independentemente de crenças religiosas, temos de reconhecer enormes méritos na ajuda humanitária e na filosofia de ajuda ao próximo.

A questão que se coloca é de novo a dicotomia entre a essência e a aparência.

O nosso sistema de ensino, até ao 12º ano, está cada vez mais desenhado para garantir um falso sucesso escolar. O que importa não é se o aluno sabe, o que importa é se o aluno passa de ano. A escola parece estar cada vez menos orientada para ensinar e mais para fornecer dados estatísticos simpáticos que indiquem um sistema com altas taxas de sucesso escolar.

A tal ponto chega a degradação que até já nos exames do Centro de Estudos Judiciários se copia descaradamente, mais um contributo notável para a confiança no sistema judicial…

Esta tendência tem urgentemente de ser invertida. Não conseguiremos ser um país desenvolvido de facto se não tivermos recursos humanos devidamente formados e isso nãos e consegue dando notas por favor ou para não ter de preencher mil e um formulários justificativos.

No sistema de ensino a avaliação tem de estar exclusivamente nas mãos dos professores e é preciso diminuir o peso da comunidade extra-escolar escolha dos dirigentes escolares. Não se pode ter de pedir autorização aos pais para reter um aluno. As coisas têm de ser simples, e simplesmente se o aluno sabe passa, se não sabe chumba e fim de conversa, para a próxima estude mais e jogue menos com a consola.

A mensagem que tem de ser dada aos nossos jovens é que as facilidades acabaram. Acabaram em todos os sectores e em especial nos sectores fundamentais para o futuro do país como é a educação. O facilitismo trouxe-nos à beira do abismo, degradou os nosso valores e pôs em causa o nosso futuro, se queremos efectivamente ser o que andamos há anos a tentar parecer, temos de mudar de rumo e dar qualidade ao nosso sistema de ensino e isso não se faz com turmas de 6 ano de "não-leitores".

O sistema de ensino foi usado como arma política para agradar aos pais e, por inevitabilidade dicotómica, atacar os professores. A verdade que tem de ser dita é que há alunos que não têm condições próprias para cumprir o percurso escolar completo. Há alunos que se estão pura e simplesmente nas tintas para estudar ou sequer para estar atentos ou calados nas aulas e isso não é culpa dos professores, é uma questão de carácter e de educação e a educação é responsabilidade dos pais.

Estou convicto que enquanto não houver um endurecimento significativo do sistema, que não permita facilidades, nem os alunos se dedicam a aprender, nem os pais a educar os seus filhinhos, porque vai tudo vivendo de uma aparência falsa, mas socialmente encapotada. Os alunos vão passando mesmo sem saber e os pais não passam pela vergonha de ver os seus filhos chumbados, logo tudo está bem quando acaba em bem, o mal vem depois, quando os meninos e as meninas chegam à universidade e ninguém lhes faz o favor de os passar, ou quando vão para o mercado de trabalho e revelam toda a sua ignorância, acabando por cair sucessivamente no desemprego.

Se realmente nos preocupamos como os nossos jovens, temos de os preparar o melhor possível para os desafios que o futuro inevitavelmente lhes vai colocar e isso não se faz promovendo a ignorância e a desresponsabilização.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Notas Finais



Não, não vou fechar o blog. São notas finais sobre as Legislativas e sobre um ciclo político de que fui bastante crítico.

José Sócrates consegui arrastar o país para a pior situação financeira em mais de um século e conseguiu arrastar o PS para o pior resultado eleitoral desde 1987, altura da primeira maioria absoluta de Cavaco Silva. Tais feitos culminaram com uma demissão anunciada, sem honra nem glória, virtude de um comportamento autista e absolutamente egocêntrico, em que a responsabilidade nunca foi assumida e os erros nunca foram reconhecidos. O PS perdeu meio milhão de votos e, para já, 19 deputados.

Francisco Louçã averbou também um derrota significativa, perdeu 300 mil votos e metade dos deputados, que de alguma foram também se vinha adivinhando e eu já o havia previsto, embora ao contrário de José Sócrates, Louça não tenha tido sequer a dignidade de se demitir, o que resto era expectável numa personalidade com graves lacunas de humildade e de coerência.

Jerónimo de Sousa, como sempre, ganhou. Elegeu mais um deputado e perdeu seis mil votos, 3mil dos quais no bastião do Distrito de Beja, o que parece não preocupar a CDU e o seu secretário-geral, como também parece contentar-se com a dita consolidação eleitoral, quando havia pelo menos 800 mil votos à esquerda para disputar, perdidos pelo PS e pelo Bloco.

Do outro lado, Paulo Portas embandeirou em arco e pensou que conseguia chegar aos 14%, enganou-se, apesar de ser um dos vencedores da noite, colocou a fasquia demasiado alta e isso fez a vitória saber-lhe a pouco. O CDS/PP conseguiu mais 60 mil votos e três deputados, o que é um crescimento, mas que soube a pouco, por excesso de confiança.

Finalmente, Pedro Passos Coelho, nunca inflectiu a sua estratégia, mesmo contra os conselhos dos seus mais directos conselheiros. Disse sempre o que pensava e o que pensava fazer mesmo que isso tivesse custos eleitorais, com a determinação que sempre teve. O PSD conseguiu mais 600 mil votos e conseguiu, pelo menos mais 27 deputados, tendo maior representação parlamentar que toda a esquerda junta. Não conseguiu a maioria absoluta, o que ensombrou um pouco a sua vitória, mas superou de longe os resultados das sondagens com dez porcento de vantagem sobre o PS. Já tinha dito que queria governar com o CDS/PP, mesmo que tivesse maioria, neste contexto terá mesmo de o fazer e esse será o seu primeiro desafio, conseguir um equilíbrio aceitável na constituição do Governo.

Agora abre-se um novo ciclo, um ciclo muito exigente, que começará com sacrifícios mas no qual se deposita a esperança de um futuro melhor para Portugal.

sábado, 4 de junho de 2011

A reflexão

Manda a Lei e a tradição que façamos um dia de reflexão antes de votar. Um dia sem a pressão das campanhas eleitorais, das notícias, das sondagens. E creio que Portugal bem precisa de esse dia, de parar, de pensar e de decidir.

Durante o período de campanha eleitoral não escrevi anda neste blogue. Propositadamente.
Participei quanto me foi possível, obviamente na campanha do meu partido, o PSD, para que conste caso alguém que leia este blogue seja distraído e o não tenha percebido por posts anteriores ;).

E a verdade é que durante todo este tempo fui consolidando a minha própria reflexão. Independentemente das razões partidárias, procuro sempre justificar as opções do coração com a razão, é a minha forma de ser, isso deixa-me mais tranquilo quando o consigo porque aprendi que só faz sentido estar na política se colocarmos sempre e acima de tudo os interesses do país e das pessoas. E continuo acreditar nisso.

Desta vez tenho a consciência o mais tranquila possível. Não tenho a mais leve sombra de dúvida que a minha opção de voto é a mais correcta para Portugal.

Quase 800 mil desempregados, a maior dívida externa em 100 anos, as maiores reduções nos apoios sociais, na saúde e na educação de que há memória, seriam razões suficientes para justificar o despedimento por indecente e má figura deste governo. Mas há mais. A mentira, o engano, a falta de palavra que caracterizam a actuação política de José Sócrates são mais razões que vêm acrescer à plena justificação da necessidade de mudança, de rumo e de actores.

O pior é que ainda há mais. Este governo apregoa a sua incompetência como uma vitória. Diz José Sócrates que endividou o país para fazer face à crise como todos os outros países da Europa, mas os outros estão a sair da crise, enquanto Portugal será o único a continuar em recessão em 2012. Haverá melhor prova da incompetência do Governo?

Depois, há mínimos de verticalidade, de verdade e de honestidade que não se podem deixar de garantir por muita demagogia que se aceite na política e este governo baixou desse patamar, baixou a um nível de comportamento, de discurso e de imagem que não são compatíveis com as exigências de uma democracia moderna. Os portugueses não podem ser tratados como burros, como estúpidos, como alguém a quem se pode insultar a inteligência com simples exercícios de retórica. Embora alguns o mereçam, é certo.

Merecem ser tratados assim aqueles que mesmo vendo os apoios sociais, as comparticipações na saúde e na Educação serem reduzidos todos os dias ainda acreditam que votar em José Sócrates é defender o Estado Social.

Merecem ser tratados dessa foram aqueles que mesmo vendo o desemprego, o emprego precário e os falsos recibos verdes crescer a um ritmo assustador, ainda acreditam que votar em José Sócrates é defender o direito ao emprego e à estabilidade laboral.

Merecem ser tratados desse modo todos aqueles que se sentem mais seguros com uma constituição que diz apenas que a saúde é tendencialmente gratuita, cada vez menos mostra a realidade, em lugar de dizer que a ninguém podem ser negados cuidados de saúde por razões económicas.

Merecem esse tratamento aqueles que depois de 6 anos sem crescimento económico visível e com um desnorte financeiro nunca visto neste país, ainda acreditam que José Sócrates vai tirar Portugal do buraco em que ele próprio o meteu e que se recusa a reconhecer que o fez, afirmando que vai continuar no mesmo caminho.

E mais, muito mais haveria para dizer quando a fazer fé nas sondagens ainda há 30% de portugueses que merecem a falta de respeito e a desgovernação com que José Sócrates nos brinda diariamente há seis anos.

Esta é a minha reflexão, e como já afirmei, não tenho qualquer dúvida que a opção de votar em Pedro Passos Coelho não é apenas por razões de amizade pessoal e partidária, é mesmo sustentada por razões inquestionáveis de interesse nacional.