sexta-feira, 26 de agosto de 2011

A Nacional Demagogia


Em Portugal ainda há quem sofra do tão famoso complexo de esquerda que já nos levou a fazer asneiras monumentais no nosso sistema económico.

Em Carvalho da Silva, isso não me surpreende, mas confesso que em António José Seguro, sim.
Fala-se neste momento em lançar um novo imposto sobre os ditos "ricos" e discute-se se deve abranger o património, os dividendos, etc.

Sobre este assunto o vetusto líder da CGTP fez uma notável afirmação, a de que os "ricos" não contribuem para o bem comum como qualquer outro cidadão. Bom, quem declare rendimentos de 150 mil euros por ano paga mais de 50% ao estado em IRS e Segurança Social. Nenhuns outros cidadãos têm taxas tão elevadas, portanto ou Carvalho da Silva ignora a realidade fiscal portuguesa ou isto é pura demagogia.

Por seu lado o novel líder do PS quer taxar de modo mais elevado o património e os dividendos, ou seja taxar o que pode fugir do país e em lugar de contribuir para o bolo nacional, deixar de o fazer.

Antes de mais quero deixar bem claro que pessoalmente esse imposto não me vai afectar, com muita pena minha, confesso, mas pode afectar-nos a todos indirectamente por ser contraproducente, se exagerar nas taxas.

Não é por acaso que determinados tipos de riqueza têm taxas mais baixas em todos os países. Em França, há uns anos, tentou taxar-se o património e os dividendos de forma mais severa e o que sucedeu foi um descalabro fiscal pela fuga para outros países das sedes das empresas de modo a evitar essa sobrecarga de impostos.

Em qualquer caso o impacto nas receitas do Estado será sempre diminuto, sendo o seu efeito mais moral do que económico.

Para além disso, taxar o património e os dividendos não é só taxar barcos, carros e grandes casas, é também taxar a poupança que é fundamental para que haja investimento, recordemos-nos que o principal facto que leva a que os nossos bancos estejam endividado até às orelhas é porque nós não poupamos o suficiente para as necessidades de investimento do país, ora se vamos desincentivar a poupança com mais impostos sobre os dividendos a situação tenderá a piorar. Parece que alguém precisa de voltar ao primeiro ano de economia para se recordar da equação básica S=I e o investimento é a nossa única saída desta crise.

Para além disto tudo, há que ter em conta que os grandes patrimónios não são privados, são empresariais e que facilmente mudam as suas sedes para outras zonas, como já referi ter acontecido e não apenas no exemplo que dei. Ora uma medida demasiado severa neste sentido pode é levar à diminuição da receita fiscal em lugar de a aumentar. Todos sabemos que quanto mais altos são os impostos maior é a fuga fiscal e menor a eficiência da cobrança, pelo que a criação de um novo imposto, defendo eu temporário, sobre a riqueza tem de ser muito bem ponderado e equilibrado de modo a não justificar a deslocalização, a fuga de capitais e desincentivar a poupança.

Tudo o resto é demagogia e populismo barato.

domingo, 21 de agosto de 2011

Com Honra e Glória

Portugal não ganhou o campeonato do mundo de sub-20, perdemos na madrugada de ontem por 3-2 com o Brasil na final, mas a verdade é que podíamos ter ganho sem nenhum assombro. A selecção tem grande qualidade, técnica e táctica, o que é algo raro no nosso país e mostrou-se ainda um excelente treinador que soube ler muito bem as características dos seus jogadores na hora de montar a estratégia.

Para além de algum azar em lances e lesões e de um árbitro de má qualidade e nitidamente pró-brasileiro, a verdade é que não ganhámos por culpa dos clubes portugueses. Pergunto-me como é possível que jogadores com aquela categoria não sejam titulares nos seus clubes e não tenham muito mais experiência de competição e jogos nas pernas, porque foi isso que faltou para trazermos mais um titulo mundial para Portugal.

Andam os nossos clubes a gastar balúrdios em jogadores estrangeiros quando temos qualidade de sobra nos nossos jovens e a experiência tem demonstrado que os craques estrangeiros levam meses ou até temporadas a adaptar-se e a mostrar o seu potencial, ora em lugar de investir esse tempo nesses ditos craques estrangeiros, mais valia investir nos nossos craques, poupávamos dinheiro e ficávamos melhor servidos.

Mikka foi considerado o melhor guarda-redes e Nelson Oliveira o segundo melhor jogador, apenas batido pelos golos do Brasileiro Henrique, porque, golos à parte, não tenho dúvidas que Nelson foi o melhor jogador do torneio. Danilo recebeu a Bola de Bronze, como terceiro melhor jogador, repartida com um jogador Francês. Em qualquer caso, é significativo que o Brasil, tendo ganho, apenas teve um jogador reconhecido e nós tivemos três.

Uma palavra final ainda para Nelson Oliveira, fez todo o campeonato em missão de grande sacrifício e com competência, pelo que se não o estragarem teremos um jogador de encher o olho e capaz de levantar as bancadas, assim o Benfica lhe dê oportunidade de crescer e mostrar o seu valor. E diga-se de passagem que o Benfica bem precisa de um jogador como ele.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A banha da cobra

Nos finais do século XIX, na altura do famoso conflito do Mapa Cor-de-Rosa ( quem não sabe o que é faça favor de ir pesquisar porque inclusivamente daí se originou o nosso, hoje, hino nacional ) que levou ao ultimato inglês de 1890, a revolta nacional foi profunda e depois de vestir a estátua de Camões de luto, foi proposto criar a Comissão de defesa Nacional com a pacóvia missão de fazer uma recolha de verbas para comprar navios de guerra, como o Cruzador Adamastor, para combater a Inglaterra...que tinha só a maior armada do mundo.

Obviamente que nada disso sucedeu e acabámos por engolir o orgulho e ceder humilhados aos ingleses um conjunto de territórios em África. Já na altura, o nosso principal problema era o endividamento externo e fraca economia nacional.

Hoje estamos em situação similar e como noutros tempos em lugar de se atacar o problema ainda há quem defenda atacar as consequências. Hoje ninguém quer os nossos territórios mas querem determinar como nos governamos e como vivemos, embora para sermos honestos temos de reconhecer não nos temos governado nem vivemos muito bem. Aliás desde os tempos de Viriato de nós se dizia que não nos sabíamos governar nem deixávamos que nos governassem.

Mas voltando ao assunto, hoje, em lugar de cerrarmos fileiras para reconstruir a economia de Portugal e reconquistarmos a nossa independência financeira e económica, os habituais vendedores de banha da cobra defendem a renegociação da dívida.

O curioso é que ainda ninguém disse claramente aos portugueses o que significa renegociar a dívida. Uns defendem outros dizem que é impensável, mas afinal o que significa renegociar a dívida?

É simples, dizemos aos nossos credores que não vamos pagar tudo o que lhe devemos. Que não não vamos pagar os juros acordados nem o capital na totalidade, apenas uma parte ou então que não o faremos nos prazos acordados mas sim em prazos muito mais longos. Resumindo assumimos que estamos insolventes, na banca rota e que não conseguimos pagar.

E qual é o resultado? Também é simples ninguém nos empresta nem mais um euro.

Ora como nós continuamos a precisar de nos endividar mais, como temos défice, como o que precisamos para manter a despesa nacional é mais do que produzimos, isso significa que teríamos de fazer cortes ainda maiores na despesa ou aumentar ainda mais os impostos, sob pena de não haver dinheiro para a saúde, para a educação, para a defesa, para a segurança social, para pagar aos funcionários públicos, etc...

Portanto, quem defende a renegociação da dívida em nome de aliviar os sacrifícios que todos temos de fazer para equilibrar as contas do país, está na realidade a defender uma solução que iria extremar esses sacrifícios, na medida em que em lugar de esse ajustamento se fazer gradualmente ao longo de dois ou três anos e para um défice de 3%, teria de ser feito de imediato e para um défice zero, porque não haveria financiamento externo.

Hoje, como sempre e parece ser uma maldição deste país, há quem apenas defenda os seus interesses individuais ou de fracção em detrimento do interesses de Portugal aproveitando-se da falta de cultura que ainda é um flagelo neste país.

Trancas à porta



Há muito tempo que não escrevia nada por estas bandas e recomeço informando que, após muito séria reflexão foi ficou assente que neste blogue o acordo ortográfico não será aplicado. Não sei se é necessário justificar, mas em qualquer caso o motivo é simples: Não vou aprender a escrever outra vez a língua da Camões para fazer favores a um grupo de pseudo-intelectuais que aprovaram uma reforma da língua completamente imbecil. E tenho dito.

Mas não é esse o assunto que aqui me trás, mas sim a possibilidade de introduzir um tecto máximo para o endividamento externo na constituição. Parece que é essa intenção do Governo e do meu ponto de vista faz todo o sentido.

Portugal tem estado muitas vezes, ao longo da sua história, sujeito aos desvarios de governantes menos competentes ou mesmo vergonhosamente incompetentes. Ora o papel da Constituição é precisamente defender as liberdades e garantias dos cidadãos. Protegê-los contra todas as ameaças, inclusivamente as que podem provir da acção daqueles que são eleitos para representar e governar o povo.

Nos nossos dias, as principais ameaças à soberania nacional não advêm de exércitos ou de potências militares externas, mas sim da situação económica do país face ao exterior, logo impedir desnortes no endividamento externo parece-me fundamental.
Conjugando esta medida, um tecto máximo para o défice externo, com um limite para o rácio de transformação dos bancos, isto é quanto os bancos podem emprestar em face dos seus depósitos, que se aponta para um máximo de 120%, pode efectivamente proteger o país de vir a ter de enfrentar situação como a que vivemos agora.

Diz um velho provérbio que quem não tem dinheiro, não tem vícios e portanto, temos de nos convencer que não podemos viver acima das nossas possibilidades, que não podemos gastar mais do que produzimos.

Como, infelizmente a nossa história recente demonstra, não é possível confiar no bom senso dos actores políticos e económicos para regular estas matérias, temos de pôr uma tranca constitucional embora, como habitualmente, a casa já tenha sido roubada, mas mais vale tarde que nunca.