segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Haja vergonha

A declaração de derrota de Francisco Louçã foi algo de verdadeiramente surrealista.

A criatura veio acusar o PSD e o CDS de estarem a afiar a faca para tomar o poder, mas foi logo avisando que perante a situação de crise e de ataque ao bem-estar dos portugueses não contassem com ele para votar uma eventual moção de censura que na actual conjuntura criasse ainda mais instabilidade.

Pasme-se, pois foram os mesmos argumentos que ele usou para justificar o voto favorável na moção de censura que o PCP apresentou em Maio de 2010.

A falta de honestidade intelectual de Louçã começa a rondar o patológico, vem insinuar que o PSD e o CDS pretendem apresentar uma moção de censura e que não contem com ele para derrubar o Governo, quando foi ele e não o PSD e O CDS, que apoiou a moção do ano passado e que caso o PSD tivesse votado a favor teria efectivamente derrubado o governo.

E não há ninguém que lhe diga isto na cara e que desmascare este tipo?
Haja vergonha!


Nota: como já expliquei algumas vezes faço o possível por não pôr fotos da criatura por questões de bom gosto.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Quase tudo como dantes...



Os resultados eleitorais foram os que se esperavam há semanas. Cavaco Silva ganhou como previsto, Manuel Alegre ficou em segundo lugar e abaixo dos resultados que tivera há quatro anos, o que já se vinha adivinhando e Fernando Nobre teve score "Soarista", também como era expectável, retirando esses votos a Alegre.

Quanto aos demais, é apenas de notar que Francisco Lopes ficou um pouco abaixo do seria previsto, denotando a lenta, mas inexorável quebra de influência gradual do PCP em actos eleitorais de nível nacional.

Sem embargo no distrito de Beja houve uma verdadeira novidade, pela primeira vez uma candidatura não apoiada pelo PS ou PCP ganhou as eleições. Nunca o PSD, CDS, nem em coligação como no caso da AD no passado, ou um candidato presidencial não comunista ou socialista tinham ganho as eleições neste distrito. Em 1991, quando PSD ganhou por larga maioria em todo o país, perdeu em Beja e Cavaco Silva, há cinco anos atrás, também.

O que significa este resultado apenas o futuro o dirá, mas parece que este distrito finalmente começa a ter os mesmos padrões socio-politicos do resto do país e o complexo de esquerda do eleitorado começa finalmente a desaparecer ou pelo menos a esbater-se, o que em qualquer caso é uma boa notícia e abre, pelo menos, uma janela de esperança para o futuro deste distrito.

Quanto ao segundo mandato de Cavaco Silva, veremos se a prometida postura mais interventiva acontece de facto ou se se mantém a ambiguidade do costume...

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sic Transit Gloria Mundi


Por regra geral as campanhas presidências eram as que tinham um nível de civismo mais elevado. O facto de serem personalizadas determinava algum cuidado no tipo de linguagem e de ataques que eram produzidos, de modo a manter elevado o debate e centrado nas grandes questões do país. Afinal, findo o processo, o eleito será Presidente da República, a mais importante figura do Estado e símbolo nacional, portanto o primeiro e último garante da democracia e do regime.

Nesta campanha a coisa descambou completamente e assistimos a um lavar de roupa suja completamente inaceitável.

Não se debateram os problemas de Portugal, tentou-se fundamentalmente denegrir a imagem e o bom nome do adversário, sendo a vitima preferencial Cavaco Silva, por razões óbvias, mas nem por isso justificáveis.

A dramatização dos últimos dias, motivada pelo receio e pelo desespero, retirou credibilidade ao processo e demonstrou que os nossos políticos, quando em apertos, ainda recorrem a métodos pouco dignificantes para atingir os seus objectivos pessoais.

Confesso que estou muito desagradado com todo o processo e particularmente desiludido com Cavaco Silva e Manuel Alegre.

Com Cavaco por ter cedido ao receio da abstenção e ter vindo dramatizar de modo ridículo a sua quase impossível não reeleição. Era preciso que alguém tivesse a coragem e a verticalidade de não entrar na espiral de degradação em que esta campanha tombou.

Com Manuel Alegre por ter permitido que o Bloco de Esquerda conduzisse a sua campanha e do único modo que o Bloco sabe fazer campanhas: Com ar de superioridade moral e levantando dúvidas sobre a honestidade e a dignidade dos outros. Foi a vil e baixa estratégia de "atirar lama para a ventoinha" e tentar sujar Cavaco. O desespero de Alegre ao perceber que vai perder e o medo que Mário Soares, por interposta pessoa, Fernando Nobre, consiga fazer o ajuste contas em relação à campanha de há cinco anos, levou-o a aceitar uma estratégia de querer parecer o mais "anti-Cavaco" de todos, a meu ver, de modo tão desastrado que se descredibilizou e parece que vai acabar a discutir o segundo lugar com Fernando Nobre e não o primeiro com Cavaco Silva. Mário Soares, em qualquer caso saboreará a sua vingança.

De Nobre nada esperava e ele nada deu, limitou-se a cumprir a sua função principal de tramar Manuel Alegre, tentou ganhar simpatias afirmando-se como um candidato de fora do sistema, vitimizou-se e entrou no jogo sujo de alimentar suspeitas, tentando discutir com Alegre o lugar de "paladino" anti-cavaco.

No meio de tudo isto salvou-se Francisco Lopes, fez a sua campanha dirigida a manter o eleitorado do PCP, porque sabem bem que os votos que lhes fogem raramente voltam. Não entrou muito no "lamaçal" das insinuações e creio que conseguirá manter a base de apoio da esfera de influência do PC, até porque o candidato mais perigoso para esse desiderato, Manuel Alegre, está em queda de simpatia acentuada.

Sobre os outros dois senhores nem vale a pena comentar, acho é que temos de elevar o número da assinaturas necessárias para se poder concorrer a Presidente da República, porque é um assunto sério e mais não digo.

Em resumo, esta foi uma campanha a que faltou a dignidade e elevação que noutros tempos preservava a dignidade da figura do Presidente da República.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

E esta, hem...


Confesso a minha surpresa e espanto ao ouvir um responsável da marinha de guerra portuguesa afirmar que os problemas no revestimento do submarino "Tridente" eram "problemas de juventude".

Nunca me passou pela cabeça que os submarinos pudessem ter acne....

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O resultado previsto...


Esta campanha para as Presidenciais adivinhava-se como algo sem sabor nem chama. À partida já se sabia que Cavaco Silva iria ser reeleito e à primeira volta e que Alegre ficaria em segundo lugar e ainda que os restantes candidatos, com todo respeito, não seriam mais do que "animadores" da marcha.

Cavaco tem uma base de apoio muito sólida e também sendo Presidente goza do dogma da reeleição garantida dos presidentes em exercício. Se é verdade que não gradou totalmente nem a gregos nem a troianos, também podia ter feito pior em qualquer das ópticas e portanto é para os eleitores da direita e do grande centro um mal menor e alguma garantia de estabilidade e até equilíbrio no regime.

Manuel Alegre, que vinha impulsionado por alguma simpatia de "enfant terrible", em resultado das últimas presidenciais onde conseguiu ficar à frente de Mário Soares, perdeu, como já disse, essa empatia ao ter de gerir o apoio do PS e do Bloco, num exercício impossível.

Eis que, de repente, a campanha começou a descambar para o ataque pessoal e à honestidade dos candidatos.

A campanha de Manuel Alegre começa com as acções do BPN, depois a de Cavaco responde com o BPP e agora só falta vir alguém recordar as locuções de Alegre aos microfones da Rádio Voz da Liberdade durante a guerra colonial para a coisa bater no fundo.

Creio que Alegre ao querer fazer uma camapanha à Louçã, com ares de superioridade moral e atirar lama para a ventoinha cometeu dois erros fatais.

Em relação o BPN, Cavaco conseguiu sair limpo do assunto o que voltou a questão a seu favor e tirou chama à campanha de Alegre que tinha jogado essa cartada já em desespero de causa. Alegre caiu na pior armadilha que um político pode cair: Insinuou que o seu adversário seria desonesto e ele provou o contrário. Em termos de credibilidade é o fim.

O segundo erro crasso de Alegre foi fazer campanha contra Cavaco Silva, promover o confronto directo, querer comparar jantares e numero de apoiantes nas ruas. É uma agressividade ostensiva que os portugueses não identificam com o cargo de Presidente da República, logo, mais uma vez, o feitiço volta-se contra o feiticeiro e Alegre perde em toda a linha.

Em resumo, o final da história vai provavelmente ser o anunciado, falta ver como se comportará a abstenção, mas tudo o que resultou entretanto foi o baixar do nível da campanha, sinal também da degradação do nível da política neste país.

domingo, 2 de janeiro de 2011