Desde há uns dias para cá tenho visto umas faixas negras a clamar contra a extinção de freguesias.
Confesso que à primeira vista não queria acreditar. Sempre tive os autarcas por gente muito séria, e continuo a pensar assim, até porque fui e sou autarca e disso tenho orgulho, mas não posso deixar de apontar esta mácula no seu comportamento.
Não está, nem nunca esteve em causa, a continuidade da existência das actuais freguesias. Não se pode é tentar confundir Freguesia, unidade territorial, com órgãos autárquicos de freguesia, isto é com a Junta de Freguesia e Assembleia de Freguesia. Estas faixas negras são uma tentativa menos séria de explorar a afectividade das pessoas à sua freguesia, porque não se pretende extinguir nenhuma freguesia, mas sim ter uma junta e uma assembleia para mais do que uma freguesia reduzindo assim o numero de eleitos.
Eu compreendo os Presidentes de Junta, afinal o que vai estar em causa é se conseguem ser eleitos numa área maior, com população que não conhece bem o seu trabalho, haverá menos lugares e claro que têm também a concorrência directa dos outros Presidentes, quer dentro do seu partido, quer fora. É incomodo e traz insegurança, mas não justifica que se tente enganar as pessoas dizendo que se vão extinguir as freguesias. Apenas haverá menos eleitos locais.
É curioso que neste país toda a gente quer reduzir o numero de deputados. E o de autarcas? será que não é possível fazer o mesmo com menos autarcas?
Vejamos o exemplo da Cidade de Moura, presumivelmente desta alteração resultará apenas uma Junta e uma Assembleia para as Freguesias de São João Baptista e de Santo Agostinho. Estes órgãos serão compostos, isto é o numero de elementos, conforme nova área que irão gerir e tal como está previsto nos termos da Lei. Podem dizer-me que será mais complexo, mais pessoas, mais ruas, mais problemas. É verdade, mas também é verdade que noutras zonas do país há freguesias que são maiores que o nosso concelho e se esses autarcas conseguem gerir as suas freguesias, estou certo que os nossos também...pode é dar mais trabalho, mas é para isso que nos candidatamos a autarcas, para trabalhar e servir as populações, digo eu.
Esta proposta de redução do numero de órgãos autárquicos parece-me globalmente muito positiva, haverá concerteza excepções, mas vai trazer escala e um melhor aproveitamento dos parcos recursos do país.
Tenho no entanto um reparo a fazer a esta iniciativa, devia ter ido mais longe e mexer também na questão dos municípios, porque, sejamos francos, há municípios que são mais pequenos do que freguesias de outros e que não representam qualquer vantagem para as populações por falta de dimensão e de capacidade. Mas isso são contas de outro rosário que ficam para outro dia.