quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Estratégias...



Francamente Cavaco Silva foi igual a si próprio.

Não percebi se afinal houve ou não houve, ou há, suspeitas de escutas por parte do Governo à Presidência da República.

Não percebi se afinal Fernando Lima foi mudado de funções por ter contactado jornalistas ou por ter dito que o fazia em nome do Presidente e se Cavaco Silva tem dúvidas quanto à veracidade do email então porque é que trocou Fernando Lima de lugar? Se não houve "crime", como ele bem focou, então porque houve castigo?

Que diabo é que a vulnerabilidade do sistema de emails da Presidência tem a ver com o assunto das escutas?

Como raios é que colar Cavaco Silva ao PSD favorecia o PS, se ele tinha uma imagem muito positiva?

Tudo o que percebi é que Cavaco Silva está a tentar emendar a mão para ser reeleito de novo, convencido ainda da história de que os portugueses não põem "os ovos todos no mesmo cesto", não se importando de quem atropela no caminho como sempre fez. Abrindo mais um ponto de conflito institucional, assume-se como "líder da oposição" ao governo e abre um leque de 65% de eleitorado que se opôs à reeleição de Sócrates, sendo que este não vai ter a vida fácil nos próximos meses e tudo o que conseguirá é ir perdendo popularidade à medida que for governando, popularidade que Cavaco irá ganhando na mesma proporção, garantindo assim a sua reeleição.

Aquela história de dizer que o PS o queria colar ao PSD é para apaziguar os ânimos exaltados no PSD, dando a entender que afinal até tentou contrariar a estratégia do PS... será que o senhor acha que somos todos irremediavelmente estúpidos? Podemos parecer...mas....

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Esclarecedor...



Como toda a gente sabe o desemprego cresce a olhos vistos neste país de Sócrates, de tal modo que nem o tradicional emprego sazonal de Verão conseguiu mascarar o crescimento desse flagelo social.

Todos ouvimos o Sr. Primeiro-ministro, José Sócrates, afirmar que o desemprego é uma das suas principais preocupações, aliás já era em 2005, mas os 150 mil postos de trabalho que prometeu criar acabaram por engrossar os números do desemprego.

Mas como estava a dizer, Sócrates vem anunciar que um seu novo governo teria como prioridade o combate ao desemprego e o primeiro exemplo de como irá fazer isso saiu este mês e é a Portaria 985/2009 que veio alterar o sistema da apoio à criação de empresas e do próprio emprego por desempregados e jovens à procura do primeiro emprego.

O resultado é que acabou com a maior parte dos apoios que existiam para criação do próprio emprego e de outros postos de trabalho. Para que se compare e se entenda, um projecto que no regime de apoio anterior tinha aproximadamente 20 mil euros de apoio, agora, com sorte, tem 5 mil e o restante só por empréstimo bancário.

Estamos entendidos quanto ao modo como José Sócrates pensa combater o desemprego. Mais uma vez há uma diferença diametral entre o que Sócrates diz e o que Sócrates faz.

Alô????



O caso das alegadas escutas telefónicas está a marcar a actualidade destes últimos dias e a demissão do mais antigo e tido como fiel assessor de Cavaco Silva por parte deste veio criar um autêntico furacão político nas agitadas águas da campanha eleitoral.

A demissão de Fernando Lima veio dar credibilidade ao email que o referenciava como a fonte da informação, mas não clarifica algumas questões de fundo, bem mais importantes.

Não clarifica se a suspeita de escutas telefónicas por parte do Governo à Presidência da República é partilhada pelo Presidente e se foi este ou não que mandou Fernando Lima falar com o jornalista. A demissão pode ter sido pelo simples facto de Fernando Lima ter referenciado que estava a falar com o jornalista a pedido do Presidente ou até pelo ainda mais simples facto de o nome de Fernando Lima ter vindo a público.

Em qualquer caso, os indícios e os silêncios de Cavaco Silva indicam que a questão das escutas é levada a sério na Presidência, porque a existência da suspeita nunca foi desmentida e esse seria o modo de acabar com este assunto logo à nascença. A partir daqui não se compreende o silêncio de Cavaco Silva após demitir o seu assessor. Se nada tem feito para não perturbar o clima de campanha eleitoral, ainda se admitia, mas após ter demitido Fernando Lima o silêncio não se compreende e já de anda serve porque a tempestade está lançada e agora cada qual interpreta os factos de acordo com os seus próprios interesses.

O PS diz que a demissão prova que a suspeita é falsa, mas está errado, se a suspeita não existisse o Presidente já teria dito que tal suspeita não era verdade e não que só falaria depois das eleições.

O PSD diz que o silêncio do Presidente prova que a suspeita é verdadeira, mas Cavaco Silva demitiu o homem que alegadamente tornou pública essa suspeita, retirando credibilidade à mesma.

Por situações menos graves, Cavaco Silva, já veio falar ao país, então porque espera o Presidente para clarificar este assunto? Ainda para mais quando estamos a escolher o próximo Governo e o assunto implica o actual Governo cujo Primeiro-ministro se recandidata, será correcto que os portugueses decidam sem ter toda a informação sobre um tema desta gravidade?

Segundo muitos analistas a decisão de Cavaco Silva só veio prejudicar o PSD e dar argumentos ao PS, que assim pode por em causa a veracidade da história das escutas, mas tal intenção não faria sentido quando o próprio Presidente disse não querer intrometer-se nas questões partidárias da campanha ou será que faz quando estamos a aproximar-nos de eleições Presidenciais?

A única forma de Cavaco Silva preservar a sua imagem é dizer o que tem a dizer antes das eleições, caso contrário 1995 voltará inevitavelmente à memória.

sábado, 19 de setembro de 2009

Só para que conste....

Não, não fui de férias outra vez embora já me pareça que não me faria mal nenhum. Tenho estado apenas ocupado com muitos assuntos de natureza pessoal e profissional.

Na próxima semana também vou andar muito ocupado a dar o meu humilde contributo para providenciar ao Sr. José Sócrates um bilhete de ida, sem volta, para um lugar qualquer muito longe daqui e livrar Portugal deste desastre com rodas que tem sido a (des)governação deste cavalheiro.

domingo, 6 de setembro de 2009

À moda de Chavez

Parece que as semelhanças entre Portugal e a Venezuela não se limitam ao uso do Magalhães nem às cores das camisas e das gravatas de José Sócrates e Hugo Chavez.

A recente decisão da Prisa, empresa que detém a TVI, de cancelar o Jornal Nacional de sexta-feia, apresentado por Manuela Moura Guedes lembra o silenciamento dos meios de comunicação social anti-chavez na Venezuela. Tanto mais quanto a Prisa se encontra em situação económica muito complicada menos sentido faz cancelar um dos programas de maior audiência da TVI e audiência é publicidade e é dinheiro. Portanto foi uma decisão economicamente irracional, logo, apenas outros motivos poderiam ter levado a essa decisão e todos suspeitamos que os repetidos comentários de José Sócrates, manifestando o seu desagrado por o Jornal Nacional da TVI não lhe prestar a usual vassalagem que os serviços informativos dos outros canais lhe prestam, dificilmente terão sido alheios à decisão de silenciar Manuela Moura Guedes.

Argumentam alguns fervorosos defensores de Sócrates que seria estúpido ele ter algo que ver com essa decisão, após ter feito as declarações que fez, dado que seria naturalmente o primeiro suspeito, mas não creio que este seja um argumento que se sustente após alguma reflexão.

Estamos em campanha eleitoral. Uma campanha em que José Sócrates não se sente nada à vontade após 4 anos e meio de falhanços governativos, suspeitas de corrupção e mil promessas não cumpridas, num clima de contestação social ao governo como não se via desde há décadas.

Sócrates sabe bem que neste caso tudo nunca passará de suspeitas, não acredito que alguma vez se possa provar que foi ele ou não , directa ou indirectamente, quem fez pressão para acabar com o Jornal Nacional, pelo que entre essa suspeita não passível de ser provada e ter um espaço informativo todas as sextas-feiras até às eleições que não se coíbe de expor as suspeitas do caso Freeport e de o atacar directamente, parece ter melhores hipóteses enfrentando a primeira acusação.
Acresce ainda, que no particular do caso Freeport, dentro de pouco tempo haverá novidades decorrentes da visita dos investigadores portugueses a Inglaterra e mantendo-se a linha de investigação dos ingleses, muito provavelmente na véspera das legislativas, Sócrates corria o risco de se ver de novo posto em causa sem dó nem piedade no Jornal Nacional, portanto mais vale não arriscar por aí, porque em relação ao resto sabe que tem as costas quentes, como se tem visto e provado, até a Procuradoria-Geral da Republica tem emitido comunicados que depois as investigações da TVI vêm afirmar não serem exactos e omitirem factos quanto ao envolvimento de dirigentes socialista próximos de Sócrates nas investigações.

Em resumo, pesando os prós e os contras, o cancelamento do Jornal Nacional e o afastamento de Manuela Moura Guedes favoreceria José Sócrates e à partida seria o menos mau para ele, só que os portugueses estão já tão fartos da criatura que a esmagadora maioria das pessoas já não lhe dá o beneficio que poderia deixar a dúvida se foi ele ou não que fez pressão para acabar com Jornal Nacional. Para os portugueses Sócrates é culpado e ponto final.