quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

A Insustentável teimosia do ser


Há pessoas cuja principal convicção é a de estão certos e são os donos da verdade e da razão. Normalmente são péssimos estrategas e ainda piores executantes dado que são incapazes de perceber quando é altura de mudar de rumo.

São pessoas que vão sempre até ao fim, orgulhosamente olhando de frente o abismo, indiferentes à sua aproximação porque estão certos de que têm razão. Não, não são corajosos, apenas cegos e obstinados, normalmente é preciso muita mais coragem para mudar, para reconhecer que se errou e mudar o caminho. Também não são seguros, a sua teimosia é a forma de esconder, de ultrapassar, a sua profunda insegurança, têm dificuldade em lidar com críticas e limitam-se a repetir aquilo que sempre disseram para se auto-convencer de que estão certos e mostrar que são consistentes e verticais, que têm convicções.

Este tipo de personalidades também não aprende com erros, mesmo depois de cair no abismo encontram justificações para o ocorrido atribuindo sempre a responsabilidade a terceiros, foram sempre os outros que falharam, porque eles são infalíveis, eles têm razão e voltam, se tiverem essa ocasião, a percorrer exactamente o mesmo caminho.

No mundo da política existe uma concentração anormal deste tipo de personalidades e por vezes alguns deles conseguem atingir, aos mais diversos níveis, posições de algum destaque que lhes permitem impor o seu caminho. É aqui que as coisas se tornam mais complicadas, porque arrastam os outros consigo, arrastam projectos, arrastam oportunidades para o abismo para onde invariavelmente caminham. São personalidades que nunca vão perceber que em política mais vale cair em graça que ser engraçado, isto é, quando os eleitores não simpatizam connosco, seja por que motivo for e seja esse motivo justificado ou não, de pouco ou nada vale espernear, de pouco ou nada vale insistir, é como o charme, ou se tem ou não se tem, não se compra, não se adquire.

Indiferentes a qualquer crítica ou sugestão, venha de apoiantes ou de adversários, indiferentes a quaisquer indicadores actuais ou passados, os detentores da verdade suprema continuam firmes e hirtos no alto das suas convicções a caminhar para o penhasco onde vão inevitavelmente e por culpa própria tombar.

Neste ano eleitoral teremos ocasião de apreciar a actuação de alguns deles, quer ao nível nacional, quer também aos níveis regional e local. Para quem goste analisar este tipo de situação será um ano muito promissor.
Eu, pela minha parte, tenho uns quantos debaixo de olho.

2 comentários:

Paulo Saraiva. disse...

Amigo Amilcar
Concordo contigo.Esqueceste de referir nos primeiros paragrafos que...essas ditas pessoas falam mais alto k as outras porque falando mais alto,pensam que tem mais razão.
abraço.

luis cirilo disse...

Gostei do texto e da caracterização nele feita sobre o que são alguns politicos.
Até me lembrei de um mediático candidato a uma autarquia do teu distrito aí pelos idos de 1997...