sexta-feira, 11 de junho de 2010

Portugal



O discurso do Presidente da República parece não ter agradado a muita gente. Os candidatos às presidenciais já assumidos e alguns líderes partidários parecem não ter gostado da afirmação de que chegámos a uma situação insustentável.

Sócrates esteve todo o dia com cara de poucos amigos, não sei se pelo discurso se pelos apupos com que foi recebido pela população, mas em qualquer caso é melhor que se vá habituando, porque apenas os boys não o criticam abertamente e vamos ver até quando.

Devo dizer que não sou propriamente um fã de Cavaco Silva, espero pouco dele, discordo dele em muitas coisas e tenho muitas reservas em relação ao seu comportamento, presente, passado e também futuro, mas desta vez e neste particular tenho de concordar com o que disse, embora discorde do que veio imediatamente a seguir sobre mais entendimentos de regime. Já todos vimos que o PS e Sócrates não os cumprem, nem estão de boa fé. A estabilidade política não é um fim em si mesmo, é um instrumento e como todos os instrumentos só é benéfico se for bem aplicado.

Chegámos mesmo a uma situação insustentável e por culpa deste Primeiro Ministro e dos governos que ele liderou, mas não só. Chegámos a esta situação insustentável também por culpa dos muitos analistas que andaram a proteger Sócrates durante anos, por culpa de Vítor Constâncio que tudo fez para ajudar a esconder o descalabro das contas públicas e também por culpa do Presidente da República que nunca é capaz de chamar os "bois pelos nomes" e fica-se sempre por insinuações vagas e indefinidas, desde a história das escutas até à actual situação financeira, passando pelo desnorte generalizado do Governo, nada é dito com clareza e que não dê azo a várias interpretações, tudo é dúbio, tudo é ambíguo.

Outro Presidente, menos preocupado com a sua própria reeleição já tinha dito claramente aquilo que este apenas insinua, mas Cavaco não o fará, o seu passado é bem elucidativo em relação a estas matérias.

Sou daqueles que ainda não se esqueceu do famoso artigo da "boa e da má moeda", até porque, infelizmente, estamos a sentir e a pagar a peso de ouro a boa moeda que Cavaco Silva defendeu no final de 2004.

Este ano, embora a nossa história seja motivo de orgulho indiscutível, as nossas perspectivas não são efectivamente animadoras, já nem sequer a selecção de futebol nos motiva. Esperam-nos anos de sacrifícios e problemas graves e quanto mais tempo este governo estiver em funções mais negro será o nosso futuro.

Sem comentários: