domingo, 6 de setembro de 2009

À moda de Chavez

Parece que as semelhanças entre Portugal e a Venezuela não se limitam ao uso do Magalhães nem às cores das camisas e das gravatas de José Sócrates e Hugo Chavez.

A recente decisão da Prisa, empresa que detém a TVI, de cancelar o Jornal Nacional de sexta-feia, apresentado por Manuela Moura Guedes lembra o silenciamento dos meios de comunicação social anti-chavez na Venezuela. Tanto mais quanto a Prisa se encontra em situação económica muito complicada menos sentido faz cancelar um dos programas de maior audiência da TVI e audiência é publicidade e é dinheiro. Portanto foi uma decisão economicamente irracional, logo, apenas outros motivos poderiam ter levado a essa decisão e todos suspeitamos que os repetidos comentários de José Sócrates, manifestando o seu desagrado por o Jornal Nacional da TVI não lhe prestar a usual vassalagem que os serviços informativos dos outros canais lhe prestam, dificilmente terão sido alheios à decisão de silenciar Manuela Moura Guedes.

Argumentam alguns fervorosos defensores de Sócrates que seria estúpido ele ter algo que ver com essa decisão, após ter feito as declarações que fez, dado que seria naturalmente o primeiro suspeito, mas não creio que este seja um argumento que se sustente após alguma reflexão.

Estamos em campanha eleitoral. Uma campanha em que José Sócrates não se sente nada à vontade após 4 anos e meio de falhanços governativos, suspeitas de corrupção e mil promessas não cumpridas, num clima de contestação social ao governo como não se via desde há décadas.

Sócrates sabe bem que neste caso tudo nunca passará de suspeitas, não acredito que alguma vez se possa provar que foi ele ou não , directa ou indirectamente, quem fez pressão para acabar com o Jornal Nacional, pelo que entre essa suspeita não passível de ser provada e ter um espaço informativo todas as sextas-feiras até às eleições que não se coíbe de expor as suspeitas do caso Freeport e de o atacar directamente, parece ter melhores hipóteses enfrentando a primeira acusação.
Acresce ainda, que no particular do caso Freeport, dentro de pouco tempo haverá novidades decorrentes da visita dos investigadores portugueses a Inglaterra e mantendo-se a linha de investigação dos ingleses, muito provavelmente na véspera das legislativas, Sócrates corria o risco de se ver de novo posto em causa sem dó nem piedade no Jornal Nacional, portanto mais vale não arriscar por aí, porque em relação ao resto sabe que tem as costas quentes, como se tem visto e provado, até a Procuradoria-Geral da Republica tem emitido comunicados que depois as investigações da TVI vêm afirmar não serem exactos e omitirem factos quanto ao envolvimento de dirigentes socialista próximos de Sócrates nas investigações.

Em resumo, pesando os prós e os contras, o cancelamento do Jornal Nacional e o afastamento de Manuela Moura Guedes favoreceria José Sócrates e à partida seria o menos mau para ele, só que os portugueses estão já tão fartos da criatura que a esmagadora maioria das pessoas já não lhe dá o beneficio que poderia deixar a dúvida se foi ele ou não que fez pressão para acabar com Jornal Nacional. Para os portugueses Sócrates é culpado e ponto final.

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