terça-feira, 22 de setembro de 2009

Alô????



O caso das alegadas escutas telefónicas está a marcar a actualidade destes últimos dias e a demissão do mais antigo e tido como fiel assessor de Cavaco Silva por parte deste veio criar um autêntico furacão político nas agitadas águas da campanha eleitoral.

A demissão de Fernando Lima veio dar credibilidade ao email que o referenciava como a fonte da informação, mas não clarifica algumas questões de fundo, bem mais importantes.

Não clarifica se a suspeita de escutas telefónicas por parte do Governo à Presidência da República é partilhada pelo Presidente e se foi este ou não que mandou Fernando Lima falar com o jornalista. A demissão pode ter sido pelo simples facto de Fernando Lima ter referenciado que estava a falar com o jornalista a pedido do Presidente ou até pelo ainda mais simples facto de o nome de Fernando Lima ter vindo a público.

Em qualquer caso, os indícios e os silêncios de Cavaco Silva indicam que a questão das escutas é levada a sério na Presidência, porque a existência da suspeita nunca foi desmentida e esse seria o modo de acabar com este assunto logo à nascença. A partir daqui não se compreende o silêncio de Cavaco Silva após demitir o seu assessor. Se nada tem feito para não perturbar o clima de campanha eleitoral, ainda se admitia, mas após ter demitido Fernando Lima o silêncio não se compreende e já de anda serve porque a tempestade está lançada e agora cada qual interpreta os factos de acordo com os seus próprios interesses.

O PS diz que a demissão prova que a suspeita é falsa, mas está errado, se a suspeita não existisse o Presidente já teria dito que tal suspeita não era verdade e não que só falaria depois das eleições.

O PSD diz que o silêncio do Presidente prova que a suspeita é verdadeira, mas Cavaco Silva demitiu o homem que alegadamente tornou pública essa suspeita, retirando credibilidade à mesma.

Por situações menos graves, Cavaco Silva, já veio falar ao país, então porque espera o Presidente para clarificar este assunto? Ainda para mais quando estamos a escolher o próximo Governo e o assunto implica o actual Governo cujo Primeiro-ministro se recandidata, será correcto que os portugueses decidam sem ter toda a informação sobre um tema desta gravidade?

Segundo muitos analistas a decisão de Cavaco Silva só veio prejudicar o PSD e dar argumentos ao PS, que assim pode por em causa a veracidade da história das escutas, mas tal intenção não faria sentido quando o próprio Presidente disse não querer intrometer-se nas questões partidárias da campanha ou será que faz quando estamos a aproximar-nos de eleições Presidenciais?

A única forma de Cavaco Silva preservar a sua imagem é dizer o que tem a dizer antes das eleições, caso contrário 1995 voltará inevitavelmente à memória.

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