segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Bom Banco…Mau Banco

Esta solução encontrada para não deixar cair o BES e mergulhar o país em mais uma crise bancária, até ver, parece bastante razoável.

Na realidade o que está a ser feito é separar em duas instituições o bom e o mau em termos bancários.

O bom banco, chamado Novo Banco, livra-se de todos os activos tóxicos ligados ao Grupo Espírito Santo, ao Banco Espírito Santo Angola e aos negócios de Miami, ficando com o restante que são bons activos e garantem a solidez financeira.

Claro que ao sair a estrutura de capital, os accionistas, o Novo Banco precisa de ter um reforço de capitais próprios, também aqui a solução me parece muito aceitável, não há encargos para o erário público, isto é para os contribuintes e usa-se essencialmente a linha de recapitalização financeira para os bancos, vinda dos tempos da troika, que também não pode ser utilizada para mais nada e dentro de seis meses quem comprar o Novo Banco vai ter de pagar, pelo menos, esses 4,9 mil milhões, mais juros.

A situação menos confortável é para os pequenos accionistas do BES, que vão ver as suas acções “congeladas”, são retiradas de Bolsa, ficam no Mau Banco e na prática para já vão perder esse dinheiro. Obviamente que quem compra acções sabe ao que se arrisca, mas aqui há uma diferença entre os grandes accionistas, com voz na administração e Assembleia Geral e os pequenos que nada tiveram a ver ou sequer puderam estar bem informados da forma como o Banco estava a ser conduzido.

Para os accionistas, grandes ou pequenos, a única esperança de um dia reaverem o seu capital seria o Mau banco conseguir sair da actual situação, coisa obviamente muito difícil e eventualmente impossível, muito embora, se o Bom Banco for vendido por mais do que o valor de recapitalização, o excesso vá para o Mau Banco, não creio que seja suficiente para ajudar a situação, na realidade o Mau Banco é para liquidar, sendo os seus accionistas os únicos prejudicados.

Em resumo, o BES faliu, os seus accionistas vão perder os seus capitais e suportar esses prejuízos, por outro lado cria-se uma nova instituição, com os activos bons do BES que vais ser vendida daqui a seis meses, mantendo-se a seguranças dos depósitos, os postos de trabalho e o normal funcionamento do banco que foi o BES.


Ficam no entanto dois alertas, um para o Banco de Portugal, sobre a eficácia da sua regulação e fiscalização e outro para os pequenos accionistas de qualquer banco, porque não estão protegidos por serem pequenos, assumem a mesma responsabilidade que os grandes se as coisas deram para o torto, o que poderá vir a causar maiores dificuldades em futuros aumentos de capital dos Bancos, visto que os pequenos investidores vão por certo recordar esta situação e retrair as suas participações, se até lá não surgir alguma salvaguarda relativamente a estes tal como acontece em relação aos pequenos depositantes.

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