domingo, 8 de maio de 2011

Coesão Europeia



A questão da ajuda externa a Portugal está a colocar a nu algumas das fragilidades estruturais da União Europeia.

O chamado sonho europeu objectiva em última fase um sistema federal, do tipo do Norte-americano ou Brasileiro, embora tal poucas vezes tenha sido admitido publicamente pelos dignitários da UE. Essa construção é um processo muito complexo num espaço multicultural, bastante heterogénico e com nacionalidades profunda e arreigadamente marcadas.

Há uma regra de ouro para a construção de unidades e é que o grupo avança ao ritmo dos mais lentos por forma a não causar a divisão do mesmo, ora, na UE isso nunca foi uma regra, sempre se estabeleceram regras ao ritmo dos mais rápidos e poderosos, leia-se a Alemanha, a França , Espanha, Itália e Reino Unido. Depois temos um conjunto de países que facilmente acompanham esse ritmo dada a sua dimensão e organização, ficando de fora deste pelotão, precisamente os países periféricos mais pequenos, Portugal, Grécia e Irlanda e outros que aderiram mais recentemente e que neste momento ainda não evidenciaram os problemas que terão para acompanhar os ritmos dos gigantes.

A verdade é que os nacionalismos não se esbateram, nem se esbatem com posições como as assumidas pela Finlândia ou pelo Reino Unido, que puseram em causa a sua participação na ajuda externa a Portugal. Nesta matéria a questão é muito simples: ou todos os estados contribuem ou o Fundo Europeu de Estabilização Financeiro da UE não tem razão de existir e ficam em causa todo um conjunto de medidas de solidariedade e de interajuda europeias, bem como o processo estrutural de construção da coesão social e económica da União Europeia.

O caminho, se é que alguma vez lá vamos chegar, não pode ser torpedado pelos interesses próprios de cada país, seja ao nível da participação nas iniciativas, seja ao nível de paternalismos ou prepotências bacocas de dirigentes nacionais como a Senhora Merkel e de outros que se arrogaram o direito de tomar posições sobre questões internas de Portugal. Ainda não ganharam esse direito, em especial quando todos os conselhos e opiniões nada tiveram a ver com o que era importante para Portugal, mas sim com os interesses próprios e egoístas dos seus países.

A evolução das relações entre os estados e a forma como se comportarem os dirigentes nacionais terá uma importância determinante na evolução e no futuro da União Europeia, se bem que seja fundamental que se perceba que o processo de construção de uma Europa unida não é irreversível nem está consolidado.

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