quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O resultado previsto...


Esta campanha para as Presidenciais adivinhava-se como algo sem sabor nem chama. À partida já se sabia que Cavaco Silva iria ser reeleito e à primeira volta e que Alegre ficaria em segundo lugar e ainda que os restantes candidatos, com todo respeito, não seriam mais do que "animadores" da marcha.

Cavaco tem uma base de apoio muito sólida e também sendo Presidente goza do dogma da reeleição garantida dos presidentes em exercício. Se é verdade que não gradou totalmente nem a gregos nem a troianos, também podia ter feito pior em qualquer das ópticas e portanto é para os eleitores da direita e do grande centro um mal menor e alguma garantia de estabilidade e até equilíbrio no regime.

Manuel Alegre, que vinha impulsionado por alguma simpatia de "enfant terrible", em resultado das últimas presidenciais onde conseguiu ficar à frente de Mário Soares, perdeu, como já disse, essa empatia ao ter de gerir o apoio do PS e do Bloco, num exercício impossível.

Eis que, de repente, a campanha começou a descambar para o ataque pessoal e à honestidade dos candidatos.

A campanha de Manuel Alegre começa com as acções do BPN, depois a de Cavaco responde com o BPP e agora só falta vir alguém recordar as locuções de Alegre aos microfones da Rádio Voz da Liberdade durante a guerra colonial para a coisa bater no fundo.

Creio que Alegre ao querer fazer uma camapanha à Louçã, com ares de superioridade moral e atirar lama para a ventoinha cometeu dois erros fatais.

Em relação o BPN, Cavaco conseguiu sair limpo do assunto o que voltou a questão a seu favor e tirou chama à campanha de Alegre que tinha jogado essa cartada já em desespero de causa. Alegre caiu na pior armadilha que um político pode cair: Insinuou que o seu adversário seria desonesto e ele provou o contrário. Em termos de credibilidade é o fim.

O segundo erro crasso de Alegre foi fazer campanha contra Cavaco Silva, promover o confronto directo, querer comparar jantares e numero de apoiantes nas ruas. É uma agressividade ostensiva que os portugueses não identificam com o cargo de Presidente da República, logo, mais uma vez, o feitiço volta-se contra o feiticeiro e Alegre perde em toda a linha.

Em resumo, o final da história vai provavelmente ser o anunciado, falta ver como se comportará a abstenção, mas tudo o que resultou entretanto foi o baixar do nível da campanha, sinal também da degradação do nível da política neste país.

1 comentário:

Alfredo Martins Guedes disse...

Concordo no essencial com o texto aqui postado pelo companheiro A.B.Mourão. Mas já não sou da mesma opinião quando diz que o Prof. Cavaco Silva saiu ilibado do caso BPN. Algo ficou escondido ou pouco claro.
De qualquer modo o meu voto não terá. Fui um dos seus grandes apoiantes desde o célebre Congresso da Figueira da Foz até à fatal data da sua comunicação ao País - via televisão, sobre o famigerado Estatuto dos Açores. Tal como muitos portugueses, também eu esperava que essa mesma comunicação seria para dissolver o Parlamento,invocando incompetência de todos os deputados, visto que o referido Estatuto estava ferido de várias inconstitucionalidades e foi votado unanimemente por todos os partidos, precisamente em vésperas de eleições na Região Açoreana. Estou bem ciente que, ao não tomar essa decisão, Cavaco Silva contribuiu para o avolumar desta crise, pois o Governo Pinto de Sousa (vulgo Sócrates)dava já enormes sinais de desorientação. Tudo isto foi por mim escrito no Jornal "Notícias do Douro" da Régua, em artigo intitulado: "Carta Aberta a Cavaco Silva"