sexta-feira, 7 de maio de 2010

As regras do jogo...

A má fé do executivo de José Sócrates é cada vez mais patente. Como foi dito e sabido, Pedro Passos Coelho fez uma declaração de princípio em relação ao PEC, onde garantiu que o PSD estaria disponível para viabilizar a recuperação do défice, desde que todas as despesas não essenciais e todos os compromissos não assumidos fossem adiados.

Significa isto que quando o Governo se prepara para avançar com TGV e com o novo aeroporto está a assumir novos compromissos, após as declarações do PSD, fazendo com que quando as medidas concretas do PEC forem à Assembleia estes serão compromissos já assumidos. Isto é má fé e é fazer batota em relação à boa vontade e ao sentido de responsabilidade e defesa dos interesses nacionais expresso pelo Presidente do PSD.

A situação do país é complicada. Verificamos uma crescente desconfiança dos mercados financeiros em relação à capacidade de Portugal honrar os seus compromissos externos, ora num contexto destes ir aumentar a despesa em obras públicas com uma rentabilidade de médio prazo inexistente é obviamente agravar ainda mais essa desconfiança e consequentemente do preço do dinheiro que o país compra.

O comportamento do Governo é miserável. Por um lado, a honra e a boa fé e por outro, a situação económica e financeira de Portugal, exigiam que não fossem assumidos novos compromissos, pelo menos até haver um acordo concreto em relação ao PEC, porque os mercados sabem bem que o PS não tem maioria absoluta na Assembleia e logo precisa de estabelecer acordos para que o PEC seja credível e realmente executado.

O mais grave é que o Governo sabe isso e continua a agravar propositadamente a situação do país, deixando cada vez menos espaço de manobra para um acordo como PSD em relação ao PEC e provavelmente é isso mesmo que Sócrates pretende, abrir uma crise política em que se possa fazer de vítima, bater com a porta alegando que não o deixam implementar o PEC e portanto não pode governar.

Há três razões que poderiam justificar o porquê de José Sócrates querer precipitar uma crise política:
Primeiro, sabe bem que Pedro Passos Coelho não quer eleições agora, que ainda se está a afirmar, depois sabe bem que este Governo é incapaz de resolver os problemas do país e quanto mais tempo estiver no poder, pior será a sua situação eleitoral e finalmente também sabe que dentro do próprio PS se começa a preparar em surdina a sua substituição e que se o governo só cair dentro de um ano ou ano e meio pode não ser ele a disputar as próximas eleições. Deste modo Sócrates nada tem a perder num cenário de eleições antecipadas, enfrentará um adversário ainda não completamente consolidado, será ele a ir a votos e ainda alimenta a esperança de se poder vitimizar e conseguir contrariar a derrota que já se anuncia.

Se assim for, estou certo que Sócrates tentará esticar a corda até partir...veremos.

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