sexta-feira, 10 de julho de 2009

Os Idiótes


Nestas alturas de campanhas eleitorais e de preparação de listas surge com maior fulgor uma espécie em franca expansão e que são aqueles "que não querem saber de política". São pessoas muito sérias e honestas que preferem criticar os que se apresentam aos actos eleitorais, acusando-os de "quererem tacho" em lugar de se concorrerem eles, já que se consideram tão sérios e honestos garantindo assim, seguramente, que os lugares de intervenção pública ficariam bem entregues.

Mas não, estes cidadãos, que são sérios e honestos, não estão para perder um minuto do seu tempo em defesa do interesse colectivo e da coisa pública, antes preferem criticar e vilipendiar os outros, definidos como menos sérios e menos honestos, que sacrificam o seu tempo, muitas vezes as suas famílias, a sua vida, para intervir na sociedade, transformá-la e melhorá-la.

É pena que cidadãos tão exemplares guardem as suas virtudes para si próprios e não as coloquem ao serviço da sociedade, que se limitem a criticar os outros que têm a coragem de se expor e tentar resolver os problemas que nos afectam.

O mais notável ainda destes cidadãos, sérios e honestos, é que fazem com a maior facilidade e com toda a certeza juízos de intenção. Para eles quem se mete em política é porque tem interesses obscuros. Talvez não seja boa política medirmos os outros pelas nossas próprias bitolas, talvez não seja muito ajuizado considerarmos que o nos faria ter uma determinada atitude é exactamente o que faz os outros tomá-la. Talvez não seja muito sério e honesto apenas criticar e nada fazer para contribuir para a mudança, talvez não seja muito sério e honesto acusar os outros com base no nosso próprio quadro motivacional.

Na antiga Grécia, o berço da democracia, as pessoas que não tinham intervenção pública, que não intervinham nos assuntos do estado, da cidade, da sociedade, que não se interessavam por política, eram chamados de "idiótes", o que deu origem à nossa palavra "idiota". Curioso não é?

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