quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Gesto...


Já houve um ministro que caiu por contar uma anedota, desta vez foi por um gesto.

O gesto é grave e é feio, mas pior do que isso é o clima que permitiu ao ministro estar à vontade para fazer tal gesto.

Em anteriores legislaturas o quase exclusivo de alguns episódios de falta de nível e de arrogância era de Francisco Louçã, que armado em detentor exclusivo da honestidade e da verticalidade atirava "lama para a ventoinha" tentando sujar todas as outras forças políticas, como se o Bloco de Esquerda não tivesse mais do evidentes e suficientes "telhados de vidro" para Louçã estar calado nessas matérias. Mas Louçã, na sua arrogância, ignorava essas fraquezas e punha em causa a honestidade e as intenções de toda a gente, como de resto continua a fazer.

Nesta legislatura surge uma novidade e é o "animal feroz" José Sócrates e o seu governo por arrastamento, que ajudaram Louçã a baixar definitivamente o nível do debate político. Se no passado havia algum pudor em mentir descaradamente, nestes últimos quatro anos o governo fê-lo insistentemente no parlamento e ao país, o que levou a que a utilização da ofensa pessoal e de termos menos dignificantes como "mentiroso" passasse a ser um lugar comum na nossa Assembleia.

É neste clima de completa falta de nível e de respeito que surge o gesto polémico de Manuel Pinho, confirmando que é altura de mudar a sério os protagonistas da nossa política e que o estilo trauliteiro de Louçã, Sócrates e companhia tem de ser definitivamente afastado do Parlamento, sob pena de achincalharmos a sede da democracia em Portugal e de transformar o debate político num concurso de baixaria e de "verborreia" em lugar de se discutir o que realmente interessa ao país.

É por estas e por outras que cada vez mais defendo a eleição uninominal dos deputados em lugar de listas onde uns são eleitos à boleia de outros, sem responsabilização directa ou sequer indirecta, das figuras que fazem no Parlamento. A Assembleia da República tem de ser um lugar de debate sério e elevado onde qualquer deputado ou governante se sinta envergonhado de faltar à verdade, mas esse nível de exigência tem de começar a ser imposto por todos nós, eleitores.

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