quarta-feira, 22 de outubro de 2014

O que é que não entendeu?

Se há coisa que me irrita é a arrogância, académica e não só. E ainda me irrita mais quando vem mascarada de purismo mas resulta da simples incompetência.

O Presidente da Comissão de Reforma do IRS, Rui Morais, veio criticar a decisão do Governo de criar uma cláusula de salvaguarda que garante que os portugueses, em resultado da reforma do IRS, não vão pagar mais IRS relativamente a 2015 do que pagariam se se mantivessem as regras de 2014, isto é sem a dita reforma.

Ora o que se pediu à Comissão foi que beneficiasse as famílias com mais filhos, não que prejudicasse as que têm menos ou nenhum, relativamente à situação actual. Se a Comissão não conseguiu encontrar uma forma de fazer isso e em situações limite pode haver prejuízo das famílias menos numerosas, o Governo e muito bem anunciou medidas para evitar um efeito que não foi o pretendido.

Agora vem a criatura dizer que para beneficiar uns teria de prejudicar outros, o que é obviamente mentira e uma mera figura de retórica.

Em termos relativos uns vão pagar menos e serão beneficiados, mas, em termos absolutos, os outros não têm de pagar mais.

Exemplifiquemos com números: Vamos supor duas famílias, uma com três filhos e outra sem filhos, que, pelas regras de 2014, teriam de pagar a primeira 500 euros e a segunda 1000 euros. O que se pretendia seria que a primeira pagasse, por exemplo, 400 euros e a segunda os mesmos 1000 euros, mas o resultado da reforma, em situações limite, não para a generalidade das famílias, poderia provocar que a segunda família viesse a pagar 1100 euros, coisa que o Governo não pretendia com a dita reforma e então aí entrará a cláusula de salvaguarda, fazendo com que a segunda família só pague os 1000 euros que pagaria se não houvesse reforma.

Será que é muito difícil de entender?

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