Se há coisa que me irrita é a arrogância, académica e não só.
E ainda me irrita mais quando vem mascarada de purismo mas resulta da simples
incompetência.
O Presidente da Comissão de
Reforma do IRS, Rui Morais, veio criticar a decisão do Governo de criar uma cláusula de salvaguarda
que garante que os portugueses, em resultado da reforma do IRS, não vão pagar
mais IRS relativamente a 2015 do que pagariam se se mantivessem as regras
de 2014, isto é sem a dita reforma.
Ora o que se pediu à Comissão foi
que beneficiasse as famílias com mais filhos, não que prejudicasse as que têm
menos ou nenhum, relativamente à situação actual. Se a Comissão não conseguiu
encontrar uma forma de fazer isso e em situações limite pode haver prejuízo das
famílias menos numerosas, o Governo e muito bem anunciou medidas para evitar um
efeito que não foi o pretendido.
Agora vem a criatura dizer que
para beneficiar uns teria de prejudicar outros, o que é obviamente mentira e uma mera figura de retórica.
Em termos relativos uns vão pagar
menos e serão beneficiados, mas, em termos absolutos, os outros não têm de pagar
mais.
Exemplifiquemos com números:
Vamos supor duas famílias, uma com três filhos e outra sem filhos, que, pelas
regras de 2014, teriam de pagar a primeira 500 euros e a segunda 1000 euros. O
que se pretendia seria que a primeira pagasse, por exemplo, 400 euros e a
segunda os mesmos 1000 euros, mas o resultado da reforma, em situações limite,
não para a generalidade das famílias, poderia provocar que a segunda família viesse
a pagar 1100 euros, coisa que o Governo não pretendia com a dita reforma e
então aí entrará a cláusula de salvaguarda, fazendo com que a segunda família só
pague os 1000 euros que pagaria se não houvesse reforma.
Será que é muito difícil de entender?
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