Como faço normalmente ao Sábado
de manhã, dou uma revisão geral pelas notícias da semana, pelos comentários e
pelas opiniões. E hoje confesso que a minha alma ficou pasma!
Então não é que muita gente neste
país, supostamente sem anomalia ou patologia que lhes impeça uma percepção mediana
da realidade achava que que o corte dos 4 mil milhões seria uma coisa de curto
prazo, tipo um ano ou dois?!
A sério, fiquei muito preocupado
que haja tanta gente que ainda não percebeu a situação do país. Como é que é se
pode considerar possível um país gastar continuamente mais do que produz? Até
na economia doméstica, todos sabemos que não podemos gastar anos a fio mais do
que ganhamos, chega uma altura que ninguém nos empresta mais, que foi o que aconteceu
a Portugal.
Este estado de negação de muitos
concidadãos nossos é deveras grave. Tão mais grave quanto é alimentado por opiniões,
de políticos ou jornalistas ou ainda por indivíduos apenas interessados em
preservar o seu bolso, que vêm constantemente, ou em ocasiões especiais, contestando
a austeridade, afirmando que há outros caminhos, mas não dizem qual é esse
caminho, quais as medidas que permitem os mesmos resultados com efeitos menos
penalizadores.
A culpa também é dos Governos
anteriores, quase todos eles habituaram os portugueses a que era possível
aumentar o bem-estar social, os nossos padrões de vida, recorrendo a
empréstimos, gastando para além daquilo que produzíamos e agora, quando se diz que
temos de gastar menos e de reduzir a despesa rapidamente, os portugueses sentem-se
“injustiçados por um pai rico”, que lhes foi alimentando as vontades e agora, de um
momento para o outro, lhes diz que já não há dinheiro.
O corte dos 4 mil milhões tem de
ser permanente. Quando o país equilibrar as suas contas o primeiro que terá de fazer
não é aumentar a despesa de novo, nem fazer mais dívida, é reduzir os impostos
para permitir o crescimento e só depois do país estar num ciclo de crescimento será
possível aumentar a despesa mas de forma cautelosa e equilibrada, nunca através
do aumento do endividamento externo, senão voltaremos a passar pelo que estamos
a passar agora e que espero que nos fique de lição a todos para na hora de
escolhermos quem nos governa termos mais cuidado e não embarcarmos em
facilitismos de vendedores de banha de cobra, porque como diz o provérbio, “Quem
não ouve cuidado, ouve coitado”!
E foi o que nos aconteceu.
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