segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A verdade inconveniente

Os portugueses estão demasiado habituados ao politicamente correcto, ainda que esse politicamente correcto seja uma mentira descarada por parte de um político ou governante.

Hoje, temos como Primeiro-ministro alguém que não mente aos seus concidadãos e em consequência surgem aqui ou ali algumas indignações pelos comentários ou afirmações de Pedro Passos Coelho.

A questão da dita sugestão aos professores desempregados para emigrarem é um bom exemplo desse mau hábito da nossa sociedade.

Todos sabemos que a população em idade escolar está a diminuir e consequentemente o número de professores necessários irá também diminuir. Por outro lado o estado não tem de garantir emprego a todos os cidadãos que pretendem ser ou que já foram professores, a educação existe para os alunos, não para garantir emprego aos professores.

Perante este problema, o Primeiro-ministro poderia ter adoptado uma de duas posturas. Ou fazia como habitualmente e dizia: vamos tentar resolver o assunto, esperem em casa que surjam oportunidades de voltar a leccionar, o que ele sabe ser uma mentira para a maior parte dos docentes desempregados ou dizia a verdade e recomendava que olhassem para outras opções de carreira.

Todos reconhecemos que esta é uma verdade inconveniente, todos sabemos que o que quem está no desemprego quer ouvir é palavras de esperança e a garantia dos governantes em como vão resolver o seu problema e arranjar-lhe emprego, mas o problema é que isso, na maior parte dos casos, não passam de palavras vãs, de falsas promessas e para isso não contem com este Primeiro-ministro.

Pedro Passos disse a verdade. Simplesmente a verdade. Não se comprometeu a arranjar empregos na docência quando sabe que isso não poderá ser feito a curto prazo, nem podia recomendar aos professores desempregados que ficassem em casa à espera que um emprego lhes caísse do céu, portanto disse-lhes o que podia dizer e aquilo que muitos portugueses que querem ser professores e não têm colocação no país já fazem e que é dar aulas no estrangeiro.

Seria ideal que Portugal pudesse dar emprego a todos os seus professores, como a todos os seus cidadãos, qualquer que fosse a suas profissão, mas isso não é verdade, há desemprego e o país está numa situação financeira e económica assaz complicada, logo por muito que seja desagradável de ouvir, eu preferia que o meu Primeiro-ministro me dissesse a verdade do que me enganasse com falsas esperanças que não sabe, nem é previsível, que venha a poder cumprir.

Mas isto sou eu que prefiro a verdade à mentira, ainda que politicamente correcta.

1 comentário:

Alfredo Martins Guedes - Entroncamento disse...

Pois é, amigo Amílcar Mourão. As verdades são para se dizerem, doa a quem doer. Mas também reconheço que sendo o menino Pedro o PM deste País, deveria tê-las dito de forma mais suavizada. Todos sabemos que em Portugal quem diz a verdade é que vai "preso". Não se lembra o que aconteceu com Manuela F. Leite? Boas-Festas e Feliz Ano Novo para si e para os seus. Saudações social-democr´ticas