sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A fúria do paciente


Diz-se que não há pior reacção de fúria que aquela de quem é muito paciente, muito tolerante, quando perde finalmente a paciência e se cansa de tolerar determinadas situações.

O Ano de 2012 será um ano decisivo para a reconquista da credibilidade de Portugal nos mercados financeiros internacionais, mas também no plano interno, o cumprimento das metas do défice, será decisivo para alimentar a muita paciência que os Portugueses têm demonstrado face à classe política.

Se é verdade que, globalmente somos responsáveis pelas escolhas que fizemos e por termos andado a eleger vendedores de banha de cobra, também não é menos verdade que há quase uma década que, ciclicamente, andamos a apertar o cinto e sem que desses sacrifícios se vejam os resultados prometidos.

A nossa forma de ser e estar, os nossos “brandos costumes”, têm levado a que aceitemos de modo civilizado todo este percurso de constante austeridade, mas todos nós temos um limite para a nossa paciência e um dia acordamos com ela esgotada e depois reagimos de modo brusco e definitivo.

Para o ano a contribuição das receitas extraordinárias, as que existirem, terá um impacto muito menor do que neste ano, pelo que terão de ser os ajustamentos estruturais a pagar a parte de leão da factura de redução da despesa e isso implicará uma muito cuidada execução do orçamento, sem desvios e sem derrapagens, porquanto qualquer deslize pode comprometer todo esforço, e é muito, feito pelos portugueses.

Assim, a execução orçamental de 2012 é algo mais do que o simples cumprir de compromissos, é a consubstanciação da esperança de sair definitivamente deste ciclo de empobrecimento e de divergência com a média de desenvolvimento da União Europeia e da construção de um país economicamente sustentável e socialmente mais justo, porque tenhamos sempre bem presente que sem capacidade financeira não há justiça, não há apoios, nem bem-estar social.

Apesar de todas as dificuldades, de todos os sacrifícios, se conseguirmos cumprir as nossas metas, 2012 poderá ser um bom ano para Portugal, poderá ser o ano da viragem para um futuro melhor. É essa a esperança.

1 comentário:

Alfredo Martins Guedes disse...

Se conseguirmos cumprir as metas para 2012!Bem dito,caro companheiro! Mas como? Com esta brutal austeridade em cima de austeridade, que vem definhando a chamada classe média,lá se vai a procura interna! Lá se vão mais uns bons milhares de postos de trabalho!Sou social-democrata encartado, mas não posso deixar de fazer este desabafo! Boa noite e melhores políticas para o País