terça-feira, 13 de setembro de 2011

Sem emenda

Por vezes a humanidade ainda me consegue surpreender e nem sempre pelos melhores motivos.

Num contexto de crise aguda e de medidas profundamente impopulares, fruto da acumulação de asneiras que fomos coleccionando neste país ao longo de décadas, não me surpreenderia que algumas pessoas, mesmo simpatizantes do PSD, estivessem pouco contentes com o Governo. Creio, aliás, que nem o próprio Governo está contente com as medidas que tem de tomar, apesar de necessárias e apesar da alguma desinformação especulativa que ainda tenta deixar os portugueses mais preocupados do que já estamos, é de mediano bom senso acreditar que qualquer Governo o que gostaria de fazer era baixar impostos e aumentar os apoios sociais e passear-se ao canto do contentamento popular.

Apesar de tudo isto parece-me claro que também já todos percebemos que os erros se pagam e pagam caro e quando hoje muitas pessoas vêm dizer que não fomos nós, o chamado Zé Povinho, o culpado pela desgovernação, em especial a dos últimos anos, eu tenho de relembrar que José Sócrates não pôs nenhuma pistola na cabeça das pessoas para votarem nele e portanto, enquanto eleitores tornámos-nos co-responsáveis pelos resultados dessa Governação e globalmente todos somos responsáveis, enquanto nação. Portanto agora não vale a pena vir dizer que não tivemos nada que ver com o assunto porque fomos nós que escolhemos.

Mas nem sequer é esse o motivo que me leva hoje a escrever, é que perante a actual situação nacional confessava-me um militante do PSD que estava descontente com o Governo porque a ASAE não estava a actuar da forma que ele achava correcta. Confesso que, apesar de reconhecer os argumentos, primeiro fiquei pasmo, depois lá fui balbuciando que este Governo está em funções há pouco mais de dois meses, obrigado a implementar medidas correctivas do défice em contra-relógio, com um buraco inesperado de 2 mil milhões que anterior Governo conseguiu ainda cavar em 5 meses e com uma avaliação determinante da Troika a meio desse período, era capaz de não ser uma prioridade da Governação rever os parâmetros de actuação da autoridade para a segurança alimentar e económica....se é que há alguma coisa para rever para além de meter bom senso na cabeça de alguns inspectores, digo eu.

Este episódio, ainda que caricato, vem confirmar que ainda se continua a olhar para o próprio umbigo independentemente das dificuldades globais e dos problemas gravíssimos que nos afectam enquanto nação. Foi assim que Sócrates conseguiu ser reeleito contra uma Manuela Ferreira Leite que, em lugar de facilidades, dizia que por este caminho nos íamos afundar...e afundámos.

Sem comentários: