segunda-feira, 6 de junho de 2011

Notas Finais



Não, não vou fechar o blog. São notas finais sobre as Legislativas e sobre um ciclo político de que fui bastante crítico.

José Sócrates consegui arrastar o país para a pior situação financeira em mais de um século e conseguiu arrastar o PS para o pior resultado eleitoral desde 1987, altura da primeira maioria absoluta de Cavaco Silva. Tais feitos culminaram com uma demissão anunciada, sem honra nem glória, virtude de um comportamento autista e absolutamente egocêntrico, em que a responsabilidade nunca foi assumida e os erros nunca foram reconhecidos. O PS perdeu meio milhão de votos e, para já, 19 deputados.

Francisco Louçã averbou também um derrota significativa, perdeu 300 mil votos e metade dos deputados, que de alguma foram também se vinha adivinhando e eu já o havia previsto, embora ao contrário de José Sócrates, Louça não tenha tido sequer a dignidade de se demitir, o que resto era expectável numa personalidade com graves lacunas de humildade e de coerência.

Jerónimo de Sousa, como sempre, ganhou. Elegeu mais um deputado e perdeu seis mil votos, 3mil dos quais no bastião do Distrito de Beja, o que parece não preocupar a CDU e o seu secretário-geral, como também parece contentar-se com a dita consolidação eleitoral, quando havia pelo menos 800 mil votos à esquerda para disputar, perdidos pelo PS e pelo Bloco.

Do outro lado, Paulo Portas embandeirou em arco e pensou que conseguia chegar aos 14%, enganou-se, apesar de ser um dos vencedores da noite, colocou a fasquia demasiado alta e isso fez a vitória saber-lhe a pouco. O CDS/PP conseguiu mais 60 mil votos e três deputados, o que é um crescimento, mas que soube a pouco, por excesso de confiança.

Finalmente, Pedro Passos Coelho, nunca inflectiu a sua estratégia, mesmo contra os conselhos dos seus mais directos conselheiros. Disse sempre o que pensava e o que pensava fazer mesmo que isso tivesse custos eleitorais, com a determinação que sempre teve. O PSD conseguiu mais 600 mil votos e conseguiu, pelo menos mais 27 deputados, tendo maior representação parlamentar que toda a esquerda junta. Não conseguiu a maioria absoluta, o que ensombrou um pouco a sua vitória, mas superou de longe os resultados das sondagens com dez porcento de vantagem sobre o PS. Já tinha dito que queria governar com o CDS/PP, mesmo que tivesse maioria, neste contexto terá mesmo de o fazer e esse será o seu primeiro desafio, conseguir um equilíbrio aceitável na constituição do Governo.

Agora abre-se um novo ciclo, um ciclo muito exigente, que começará com sacrifícios mas no qual se deposita a esperança de um futuro melhor para Portugal.

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