terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Como Lenine ensinou...

O PCP coloca em cima da mesa a possibilidade de avançar com uma moção de censura ao Governo.

Esta atitude era expectável, só pensei que tardasse mais umas semanas, perante a desastrosa estratégia do Bloco de Esquerda, assumida pela infelicíssima declaração de Louçã na noite das Presidenciais, que já aqui comentei, ao vir fanfarronar de peito inchado, armado em paladino da esquerda, que tudo faria para que o PS se mantivesse no Governo, o mesmo PS que acusa diariamente de ter politicas de direita.

Perante um catastrófico erro estratégico de dimensões tão colossais, bíblicas diria mesmo, seria surpresa que o PCP não aproveitasse a ocasião para matar dois coelhos de uma cajadada. Por um lado para ir buscar descontentes do PS, que os há às centenas de milhar e muitos nunca votarão PSD nem Bloco, dada a actual colagem ao PS por parte de Louçã e também os desiludidos do próprio Bloco que crescem de dia para dia, pelo mesmo motivo.
Desde há muito que o PCP identificou o Bloco como o seu inimigo mais mortal, pior que o PS, que apesar de todo o esforço ao longo de anos, não conseguiu esvaziar o PCP como Mário Soares sempre sonhou. O Bloco, em muito menos tempo conseguiu infligir maiores percas ao PCP, em especial em eleições legislativas. A questão fundamental aqui é que não há espaço para dois partidos receptores dos descontentes pontuais da ala esquerda do PS, que quando estão zangados com a governação socialista, votam ainda mais à esquerda. Esta divisão de atractividade entre o Bloco e o PCP impede qualquer dos partidos de crescer de modo significativo e de fixar votos, a não ser que um aniquile o outro e era isto que o Bloco, com o charme de "esquerda caviar", vinha fazendo ao captar mais descontentes do PS que o PCP e ficando sistematicamente acima dos comunistas nas eleições. O PCP percebeu que neste confronto com o Bloco não haverá empate, algum vai relegar o outro para votações marginais, mais tarde ou mais cedo.

Mas surge a ocasião e parece que ainda há quem se lembre dos velhos ensinamentos politico-estratégicos de identificar o adversário mais fraco para nele concentrar o ataque no momento exacto e por isso tenho de tirar o chapéu ao PCP, pois vai ser demolidor ver Louçã a atacar o governo de manhã e depois a explicar porque vota contra a moção de censura à tarde ou então dar o dito, na noite das eleições, por não dito, em qualquer caso, uma figura triste...

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