quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pura, crua e dura...

Já há uns tempos que não escrevia nada aqui. Simplesmente porque a vida não o tem permitido.

Conhecidas as linhas e as orientações do Orçamento de Estado para 2012, podemos afirmar que este é o orçamento que ninguém queria, a começar pelo Primeiro-ministro Pedro Passos Coelho. Dez horas levou a reunião do Conselho de Ministros a tentar encontrar alternativas aos drásticos cortes orçamentais que acabaram por ser anunciados, mas as alternativas possíveis seriam ainda bem piores.

Equilibrar no fio da navalha as necessidades de financiamento e de redução da despesa do estado, com as necessária procura interna que mantenha as empresas a vender e não provoque uma avalanche de desemprego, é uma equação muito difícil, senão impossível no actual estado do país.

Mas é essa a nossa realidade, um buraco de 3,4 mil milhões de euros que o Governo do PS conseguiu criminosamente cavar em cinco meses, compromete todas as metas e deita por terra todos os planos da primeira negociação com a troika, mas as metas, essas sim, têm de ser cumpridas sob pena de não haver novas tranches do financiamento acordado e portanto, em dois ou três meses, não haver dinheiro para pagar a saúde, a segurança social, os ordenados da função pública, etc...

Compreendo e respeito a indignação, mas deveria ser manifestada junto à sede do PS, junto da bancada parlamentar do PS, porque foi o Governo de José Sócrates que nos deixou nesta calamitosa situação. Não vale de nada gritar agora, deviam era ter ouvido Manuela Ferreira Leite quando em 2009 ela disse exactamente o que ia acontecer, mas na altura, a maioria dos portugueses gostou mais das promessas falsas e do discurso de negação da realidade de José Sócrates, agora todos temos de pagar essa factura, sem apelo nem agravo.

Não sou daqueles que clama pelo julgamento dos políticos por tudo e por nada. Quem governa, decide e quem decide pode enganar-se com a melhor das intenções como qualquer um de nós, mas, neste caso, creio que é perfeitamente justificado que o anterior governo seja chamado a contas em relação à governação realizada, em especial durante os primeiros meses deste ano, quando já era patente o enorme défice do país e quando a necessidade de poupança e de contenção era já clamorosamente evidente para todos.

Quanto ao que aí vem, é a cama que fizemos nos últimos anos, agora temos de nos deitar nela e enfrentar a realidade, pura, crua e dura.

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