
Com esta dose dupla de eleições ainda nem tinha tido tempo para deixar aqui algumas reflexões sobre o assunto.
Quanto às legislativas já sabemos que todos ganharam, embora eu tenha uma opinião um pouco diferente. Nas Legislativas o PS cumpriu a sua parte para perder as eleições, veio para os 36% que é o mínimo que esse partido normalmente tem, apenas por duas vezes desceu daí, aquando do fenómeno PRD e em 1991 na segunda maioria absoluta de Cavaco Silva. O PSD é que não conseguiu chegar acima disso e portanto só se pode queixar de si próprio. Em 2002, o PS perdeu as eleições com 38% porque o PSD conseguiu chegar aos 40%. Por aqui estamos conversados. O Bloco e o CDS-PP clamaram alto e bom som que tinham tirado a maioria absoluta ao PS, o que é verdade, mas foi também pela dispersão de votos que o PS ganhou, se os eleitores que provocaram a subida do CDS e do Bloco, nitidamente um voto de castigo contra o PS, tivessem concentrado o seu voto no PSD, o PS teria perdido as eleições, mas entendamo-nos, mais uma vez foi o PSD que não conseguiu cativar esse eleitorado descontente com o PS. Agora temos um governo sem maioria liderado por um Primeiro-ministro estruturalmente prepotente e arrogante, o que não é uma boa combinação para a governabilidade do país. Parece-me que daqui as dois anos lá iremos de novo a votos, mas posso estar enganado, veremos.
Hoje decorrem as eleições autárquicas, francamente não sei o que irá suceder em Moura. Tenho a minha opinião, formada com base nas observações e percepções, muitas vezes contraditórias, que fui tendo ao longo desta campanha. Do pouco que quero dizer, saliento que o nível de exigência do eleitorado está a aumentar e que, mais numas freguesias do que noutras, mas sempre com o mesmo sentido evolutivo, as coisas estão a mudar neste concelho e os eleitores irão cada vez mais fazer um voto consciente e diferenciado com base nas expectativas em relação às capacidades pessoais dos candidatos e não apenas com base na força política que os apresenta. É um caminho ainda por trilhar, mas que já começa a ser percorrido.
Daqui as umas horas confirmar-se-ão, ou não, as minhas expectativas, deixo apenas um vaticínio e que é que não haverá grande diferença entre os dois partidos que forem os mais votados.