Não acredito que vá escrever apenas um post sobre o Orçamento de Estado para 2011, mas cá vai o primeiro.
Do que já consegui apurar, o Governo quer reduzir em 3% o défice, sendo que o aumento de impostos e cortes de deduções fiscais contribuem com 2,6% e a redução da despesa apenas com 0,4%.
Daqui podem retirar-se desde já duas conclusões:
a) Vamos ter um período de recessão, isto é a economia vai contrair e não crescer como o Governo defende, o que significará mais desemprego, mais pobreza e consequentemente mais recessão económica, pelo inevitável efeito da contracção do consumo privado. Por outro lado a inexistência de poupança vai obrigar a maior endividamento externo, porque continua a haver necessidade de financiar a economia portuguesa, por não se reduzir a despesa significativamente.
b) O Governo não quer ou não sabe como reduzir a despesa e portanto pretende manter a sua estratégia de redução do défice através do aumento de impostos, o que não é sustentável a médio e longo prazo, porque não é possível continuar a aumentar os impostos indefinidamente.
Até ao presente o Governo mostrou-se incapaz de cortar a despesa, esse é o verdadeiro problema do nosso país e as agências de rating sabem isso. Os mercados internacionais não estão preocupados com os impostos, o que observam e avaliam é o crescimento, o endividamento e o nível de despesa, logo um orçamento que quase não reduz a despesa e provoca recessão, o que vai provocar necessidade de financiamento externo, não irá tranquilizar os operadores financeiros, bem pelo contrário, irá indicar-lhes que vamos claramente no caminho errado.
Se este orçamento passar, daqui a seis meses estaremos numa situação bem pior do que aquela em que estamos agora, o que de resto também é verdade se compararmos com a situação de há seis meses atrás. O caminho é o mesmo, para o abismo, para o tal abismo de que Lacão gosta de falar e Sócrates se recusa a ver.
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