Confesso que estou tão baralhado como qualquer outro cidadão português quanto ao processo Casa Pia. Nunca escrevi as minhas opiniões, ou melhor, sensações quanto à inocência ou culpabilidade dos arguidos, agora condenados ou absolvidos, nem em relação a outros que não foram pronunciados.
Fico a aguardar a publicação da sentença para perceber os fundamentos do que foi dado como provado, já que a súmula absurdamente não esclarece. Seria aceitável que a mesma não fundamentá-se as absolvições, agora as condenações é incompreensível
Para "memória futura" ficam mais absolvições do que condenações em relação às centenas de crimes alegadamente cometidos que depois se resumem a menos de uma dúzia dados como provados, se exceptuarmos Carlos Silvino, que confessou todos os crimes.
Para "memória futura" ficam anos e anos de investigações e quase mil testemunhas ouvidas,que em conjunto quase não conseguem provar nada ou claramente muito pouco, em relação ao que se pretendia provar e que deixam muitas dúvidas quanto à exactidão de algumas acusações e quanto a se deveria haver mais pessoas no banco dos reús.
Para "memória futura" ficam sérias dúvidas quanto a alguns dos locais onde se deram como provados crimes, perante identificações confusas, inexactas e mesmo incoerentes dos mesmos.
Para "memória futura" fica a necessidade de ajustamentos em catadupa à Lei Penal que claramente indiciam a má preparação da Lei portuguesa para lidar com situações desta complexidade.
Para "memória futura" fica um processo que se arrastou e arrastou consigo o bom nome de pessoas e o sofrimento das vítimas por tempo além do que seria humanamente aceitável.
Para "memória futura" ficam demasiadas dúvidas e suspeitas.
Para "memória futura" fica em causa o sistema judicial português, desde a investigação até à sentença.
Este filme de terror ainda não acabou e pode ter um fim ainda pior do que o realizado até aqui.
Para memória futura fica este post.
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